segunda-feira, 11 de abril de 2016

CONTOS DE FOGUEIRA - O dia em que a Bruxa não se Iniciou


E a Bruxa tinha tudo em suas mãos. Conhecia os ritos, participou dos rituais, teve sucesso nas magias, mas não se Iniciou...

E não foi por falta de estímulo ou pelo Mestre tê-la orientado que não era o momento, mas é porque a Bruxa percebeu que aquele não era o seu Caminho!

Vemos hoje em dia Bruxos que desesperadamente buscam se afirmar. Em sua maioria por dois motivos: para provar a si mesmo de que é capaz e assim se sentir poderoso ou apenas por Status. Mas, com aquela Bruxa não seria assim.

Ela já era uma Iniciada em várias tradições e já passou pelos ritos iniciáticos dessas inúmeras tradições várias vezes. Mas, ela sempre quis mais. Não pelo status e nem pelo poder, mas pela sede de conhecimento, por saber que o mundo é vasto e cheio de coisas a oferecer, por entender que cada Tradição nesse mundo contém um pouco da Verdade Universal. Ela sempre quis vivenciar plenamente a vida e o que os Deuses têm a oferecer.

Foram três dias intensos de ritualística, repasse de conhecimento oral e encontros nos Outros Mundos. E, no primeiro dia, foi dito para que ficasse atenta, pois receberia uma importante mensagem nos sonhos. Ela dormiu. Ela sonhou. Mas, ela não se lembrou. Ela achou estranho isso, mas afirmaram que ela poderia se lembrar no dia seguinte...

Pois bem. No segundo dia ela achou incrível tudo o que vivenciou. O contato com os planos elementais foi surpreendente e de um modo como ela nunca havia experenciado. O poder e a magia estavam ali, nítidos, conscientes e cristalinos. E ela ouviu o sussurro dos Antigos. E a mensagem foi clara: humildade!

Será que ela não era humilde? Será que os Antigos disseram que ela estava sendo arrogante? Essa resposta viria no dia seguinte... E ela dormiu. E ela sonhou. E novamente, ela não se lembrou.

Ficou muito irritada. Ela havia realizado todos os ritos necessários e ainda assim a mensagem em sonhos, que deveria ser como um guia para os seus próximos passos após a Iniciação, não vinha! E veio então o primeiro ritual do terceiro dia. Como havia prometido, ela fez tudo até o fim, mas dessa vez, não conseguiu nenhum sucesso. Um rito simples ao qual já estava acostumada de fazer há tempos não despertava a magia nela. O que havia de errado?

Veio, então, o segundo rito. Um desdobramento aos planos elementais para receber um presente ante do rito final. E a Bruxa não saiu do lugar. Ela entrou em estado Alfa, ela acalmou sua mente, ela liberou a magia e ainda assim não se desdobrou. Ela não viu nada. Ela não recebeu nada. Ela não se conectou. E, naquele momento, ela entendeu.

Nos milhares de caminhos espirituais que trilhamos, temos a oportunidade de elevarmos nossa consciência pessoal e grupal e assim evoluirmos um pouco como pessoas e como seres divinos. Mas, alguns desses caminhos não estão acessíveis a nós naquele momento ou naquela vida, nas muitas que vivemos em nossa existência. A Bruxa já havia ouvido falar de pessoas que perceberam isso, mas vivenciar isso era outra história.

Ela se sentiu fraca, incapaz, excluída e decepcionada consigo mesma. Sabia que esses sentimentos eram incoerentes, ainda mais porque a mensagem estava clara: humildade! Humildade em saber reconhecer aonde ir. Humildade em saber reconhecer seus limites. Humildade em saber que nem todos os caminhos são para serem trilhados. Os Antigos haviam pedido humildade para ela, pois sabiam que esses sentimentos viriam à tona quando ela tentasse passar pela etapa final.

Mas, durante o treinamento de uma Bruxa, é ensinado ética, respeito, tolerância e honradez. E, junto com a humildade, ela soube reconhecer que era o ego que se sentia fraco, incapaz, excluído e decepcionado, mas não sua Alma. Então, quando foi chamada à frente, olharam bem fundo em seus olhos e perguntaram se estava decidida ela deu passo para trás e disse um sonoro “Não”!

Não.

Eles disseram que ainda assim ela poderia escolher um presente pelo trilhar que fez. Mas ela, segura de sua decisão, disse novamente: Não!

Os ritos prosseguiram, os outros 8 dedicandos iniciaram-se e ela ficou apenas observando. A Bruxa queria sair correndo, entrar no seio da Mãe Terra, no meio de um bosque profundo e apenas chorar, gritar e se lamentar. Porém, não era o momento. Ela não iria estragar o ápice da felicidade da Tribo que estava recebendo novos buscadores. A dor é inevitável, mas o sofrimento é escolha nossa.

Por fim, tudo acabou. Fotos, abraços, danças, bolos, troca de presentes. E a Bruxa estava ali apenas em corpo, mas em Alma dentro de si mesma, consolando-se e aceitando o inevitável. E ainda assim, ficou feliz. Feliz porque após tudo isso, os Mestres daquela tradição a ouviram e depois de entenderem sua escolha e a parabenizaram pela honra de reconhecer seu próprio caminho e o que deve ou não fazer segundo as escolhas do seu próprio coração. Essa postura fez ela reconhecer mais ainda o quão aquele caminho que ela havia decidido não trilhar era puro, verdadeiro e xamânico.

Se a Bruxa, mesmo após todos os sinais, mesmo após todos os alertas tivesse seguido na Iniciação, ela sabia que teria se decepcionado muito mais. E que os horrores do sofrimento estariam presentes até o fim de sua vida terrena.

Hoje a Bruxa está mais leve, mais centrada, tranquila e serena. Sabe que fez a escolha certa. Mas, tudo que viveu foi muito bem aproveitado, pois agora é mais disciplinada, focada e próspera.


Ela apenas deseja que os todos os outros Bruxos também saibam escolher com sabedoria e humildade. Abençoados sejam todos!


Dallan Chantal

sábado, 26 de março de 2016

SERES HUMANOS OU SERES BESTIAIS?


Por que tem que ser tão difícil? Por que tem que haver tanto ódio? Por que tanto desprezo por alguém que é da mesma espécie? Quanto tempo será preciso para nos lembrarmos de que somos todos iguais?

Eu estou muito triste. Desapontado até. Já adentramos a nova era astrológica que será marcada pela razão, pelo humanismo e pela expansão das ideias, mas ainda existem humanos que insistem em querer viver de miséria e de opressão. Não basta?! Pra que continuar no fanatismo marcado por uma Era que já se encerrou? O homem sempre será o lobo do próprio homem?!

Sim, esse é um texto de desabafo. Desculpem, mas se quiserem pular para a próxima postagem, sintam-se livres. No entanto, aqueles que quiserem ler até o fim, espero que minhas lágrimas sirvam para algo e assim transforme vocês. Digo isso porque estou cada vez mais cansado e envergonhado de ser e pertencer a raça humana.

Todos os dias eu abro uma página de internet, ligo a televisão ou sintonizo a rádio e o que vejo é sempre morte, dor, racismo, preconceito... Enfim, intolerância. Mas, não se trata apenas de uma intolerância a algo que te desagrada. Sim, todos somos intolerantes com algumas coisas. Eu, por exemplo, não gosto de ouvir resmungos. Porém, também não vou sair por aí tacando pedras, lâmpadas ou “metendo a porrada” em pessoas que resmungam o tempo todo e que não fazem nada para modificar aquilo que lhes desagradam. O problema é quando a intolerância exacerbada vem pelo simples fato de que outras pessoas são diferentes.

O que vejo dói profundamente na minha alma. Dói pelos negros. Dói pelas mulheres. Dói pelos homossexuais. Dói por aqueles que não são cristãos. Dói porque temos cada vez mais chance de sermos libertários, respeitosos e igualitários, mas caminhamos na direção contrária! Ai, quantos ais.

Vejo uma mulher que apenas queria voltar da faculdade de forma tranquila para casa. Ela não estava vestindo nada provocante, nada que insinuasse ou que desse a liberdade para alguém importuná-la. Ela não “atentava contra o pudor”! Mas, ainda assim ela foi perseguida e abusada na própria faculdade. Agora o que ela faz? Esconde-se com medo, não frequenta mais as aulas e entrou em depressão. Está prestes a cometer suicídio. E o que fazemos? O que você faz para ajuda-la?

Vejo uma mãe gritando em prantos e segurando seu filho morto nos braços. Ela é uma mãe!!! Aliás... era. Agora, ela não tem mais a alegria nos olhos porque o orgulho de sua vida foi tirado por uma arma de fogo pelo simples fato de que ele passou em frente a um bar andando. Ele tinha trejeitos. Ele era afeminado. Mas, ele só queria se divertir, só queria sair pra encontrar seus amigos e viver a vida dele. E, então, não mais vida. Ele tinha acabado de arranjar seu primeiro emprego. Mas, era “viado”. E “viado” bom é “viado” morto. Mas, por quê?

Vejo uma criança chorando no banheiro da escola. A tia da cantina pergunta pra ela o que aconteceu. Ela diz que as coleguinhas implicaram com ela por causa de sua mochila nova e rosa, cheia de borboletas. As coleguinhas disseram que ela não poderia ter ganhado de presente uma mochila como aquela porque é cara e gente como ela não tem dinheiro pra comprar esse tipo de coisa. Assim, elas afirmaram que ela só poderia ter roubado! Ainda citaram o fato dos cabelos crespos dela parecerem uma bucha de Bombril. Ela tem profundos olhos negros. A pele dela é da cor do ébano. Ela chora com profundo pesar porque ela não entende o que aconteceu. Por que as coleguinhas quiseram humilhá-la? Ela só tem 7 anos. Mas, os pais das coleguinhas que ensinaram isso para suas filhas têm mais de 30. É isso que você ensina para seus filhos também? Essa menina de pele cor de ébano e olhos negros agora pensa em querer ter nascido diferente, pelo menos para não ser caçoada. Ela agora renega quem ela mesma é.

Vejo também vários cacos. Sim, destroços. Parece que passou um caminhão por aquela casa e derrubou, destruiu e, por incrível que pareça, esse caminhão também pichou a parede dessa casa com a seguinte frase: “Pecador!”. Por quê? O dono da casa, Pai Murilo, sempre serviu a comunidade em que mora, sempre deu alimento àqueles que pediram em sua porta, sempre na virada de ano deu cestas básicas e roupas às famílias carentes. Mas, nesse instante ele se vê perseguido por aqueles que não professam as mesmas crenças que ele. Ele chora pelo maltrato com que os outros afligiram os seus deuses. Ele só pensa “em que foi que eu errei? Meus Deuses também falam de amor!”. Ele sente uma tristeza indescritível, porque ele nunca fez isso nas Igrejas da redondeza e mesmo depois disso ainda não pensa em fazer tal coisa. Sabe que seus Orixás estão contigo, sente a presença Deles dançando ao seu redor. Mas, também sente o ódio daqueles que o rodeiam.

São quatro histórias. Quatro caminhos. E todos marcados pelo desespero. O desespero de ser gente, de ser quem é, de ser vivo. E porque as pessoas infligem esse tipo de dor ao próximo? De novo, e de novo, e de novo, e de novo...? A intolerância pela diferença vai mudar a vida dessas pessoas? Vai torna-las mais felizes? Vai melhorar a situação financeira e afetiva delas de alguma forma? Creio que não. Mas, me questiono de novo: então, por que fazer isso? Essas vítimas são todas dignas de asco e horror?

O que está faltando para esses agressores é compaixão, empatia, compreensão, amor e paz.

Eu não preciso ser negro para entender como é ser negro. Assim como não preciso ser mulher, homossexual ou de uma religião que não seja cristã para me colocar no lugar deles e perceber que somos todos seres humanos buscando viver nossas vidas da melhor forma possível. Classificar todos como pobres, favelados, dignos de pena, impuros, inferiores e pecadores é fazer um julgamento perverso sobre quem eles são. Imagine acordar todos os dias sabendo que pela cor da sua pele, pela sua orientação sexual, por ter uma vagina ao invés de um pênis ou simplesmente por não acreditar no que a sociedade espera que você acredite é possível que você seja agredido, assassinado, perca o emprego, sofra bullying, seja alvo de chacotas ou olhares maldosos. É horrível! E isso acontece todos os dias aqui no Brasil.

O Brasil, a terra da miscigenação, de todos os povos, do carnaval, será também a terra dos homicídios, da segregação, da misoginia e do racismo? Você vai permitir isso mesmo?

Eu sou branco. Sou homem. E sou gay! Tenho uma irmã que é mulata. Tenho uma mãe. Tenho um amigo que é bruxo. Essas histórias que contei não são nossas. Mas, a qualquer momento podem se tornar. Isso porque os intolerantes, fanáticos e ignorantes não querem aceitar e enxergar que não é de singularidade que é feito o mundo, mas de pluralidade! Sabia que da mesma forma como pode acontecer comigo, com minha irmã, com minha mãe ou com meu amigo, também pode acontecer com pessoas próximas e caras a você? Sim, com sua própria família? Você gostaria disso? Tenho certeza que não. Ninguém quer.

Então, peço perdão a todas as mulheres. Vocês são maravilhosas, poderosas e sem vocês ninguém teria vindo ao mundo! Peço perdão aos negros. Vocês são lindos, cheios de orgulho de si mesmos e ancestrais de toda a humanidade, pois o esqueleto humano mais antigo já encontrado é de uma mulher africana negra. Vocês são a origem de todos os humanos! Peço perdão aos homossexuais. Vocês são alegres, divertidos e trazem brilho e cor ao mundo. Como seríamos mais “baunilha” sem vocês! Peço perdão àqueles não cristãos. Vocês são tão mágicos, ricos de cultura e sabedoria quanto qualquer outro cristão. Sem vocês, o cristianismo nem existiria!

Essas palavras estavam presas há muito tempo dentro de mim. Mas, tive que expurga-las, pois se não sufocaria com elas. Obrigado a todos que me ouviram. Por fim, peço apenas uma coisa:


SEJAM MAIS HUMANOS!!!



Dallan Chantal

segunda-feira, 21 de março de 2016

O EGO AINDA É UM VÉU


Tenho uma visão particular da vida, dos Deuses e do Sacerdócio...

O Culto a Eles acho sim que seja primordial, algo necessário ao máximo, sem o qual, não se pode ser chamado de sacerdote ou sacerdotisa. Mas tem coisas que vejo que meio que me enojam no mundo pagão; seja às claras, seja por debaixo dos panos.

E para mim os Deuses não precisam de sacerdotes - falando aqui propriamente dos Sacerdotes, pois são esses que se dizem prestar serviço e culto a Eles - que saibam acender chamas sem ajuda de algo moderno, se não souberem como se relacionar pura e fielmente aos seres deste elemento. Não precisa de Sacerdotes que celebrem nus, ou com lindas vestes e joias ritualísticas, se não estiverem despidos do que realmente importa, todas as suas máscaras, sejam elas quais forem, sociais, pessoais, familiares e etc. Lembrando que em cada mito em que a Deusa tem que descer ao submundo, Ela tem que se despir de tudo que tem, e isso não apenas no sentido metafórico e físico, mas muito mais verdadeiramente do coração, do interno, da alma. Se você não se despir de coração, dificilmente conhecerá de fato os Deuses.

Os Deuses não precisam de sacerdotes que façam zilhares de oferendas a Eles, que gastam rios de dinheiros para fazer uma grande e linda oferenda, se você fizer isso por ego. Se você não ofertar o que realmente a Eles importa, ou seja, seu coração, seu amor e sua devoção, o resto nada mais será que gestos vazios. Os Deuses não precisam de sacerdotes se sentem superiores por serem iniciados, ou iniciadores, ou coisas do tipo. Por mais que nosso ego seja - ou deveria ser - algo muito bem trabalhado na Bruxaria, a humildade ainda é a chave de muitos mistérios e portais. Os Deuses não precisam de pessoas que usam Seus nomes para ganhar dinheiro, pois Eles não precisam disso. Os Deuses não precisam de pessoas que façam as coisas para os outros verem, pois Eles vendo já é mais que o suficiente.

Sinto falta de amor e unidade entre as pessoas no mundo pagão, as pessoas preferem se fechar em seus próprios círculos/tradições e ficar em guerrinha com outros para saber quem é mais válido, quem é mais antigo, quem é Gerald Gardner e Doreen Valiente encarnados; preferem ver quem consegue fazer a chama da vela subir, mudar a direção do vento, fazer feitiço para isso e para aquilo, mas se esquecem do essencial... Se esquecem do elemento principal dos Deuses, se esquecem da fé, do amor, da unidade... Se esquecem do TODO, se esquecem do INDIVIDUAL, se esquecem do COLETIVO, se esquecem de AMAR...

Obviamente não sou católico, mas algo que aprendi na igreja católica, foi a ter uma fé verdadeira, algo que acho que todos deveriam praticar. Como eu sei se a fé ou verdadeira ou não? Não sou ninguém para julgar isso, mas acontece que os Deuses moldam a vida das pessoas, as pessoas amadurecem, e vejo há tantos anos algumas pessoas com as mesmas atitudes mesquinhas de anos atrás.

Tantos ditos pagãos, tantos ditos adoradores dos Deuses, pessoas com quem nunca conversei, mas que fazem questão de se aparecer a todo o mundo pagão. Pessoas que eu já conversei, e mostram a mesma coisa. Sou abençoado pelos Deuses, por manter em minha vida apenas o verdadeiro, e nisso digo em todos e vários sentidos possíveis. Claro que nem todos que saíram da minha vida, não eram/são verdadeiros, muitos foram e ainda o são. Mas, tenho certeza de que todos os que não eram verdadeiros, comigo, com o caminho dos Deuses, com os Deuses e consigo mesmo saíram... Muitos mais virão no caminho, e muitos irão embora... Como sempre tem sido...

Tenho fé, amor e esperança ainda, de que o povo pagão alguma hora acordará, e se unirá. Verão o quão fortes somos para derrubar qualquer ameaça a nós. Mas, para isso, o ego terá que ficar um pouco de lado, pois pessoas com o ego muito grande, são iguais a porcos espinhos, que não conseguem ficar de fato juntos, hand-in-hand e se ajudar, batalhar por algo.

O país está passando por alguns problemas sérios, parte da responsabilidade de corrigir isso, é nossa, Bruxos, Pagãos, Sacerdotes dessa Terra e dos Deuses dela, mas... Para nos ajudarmos, deveríamos nos unir. E pelo o que vejo em algumas várias coisas... Atitudes... Entre outras coisas... Essa é a parte mais difícil.


Mas vamos #vibrar e pedir aos #Deuses que tudo isso possa se resolver. E que os Deuses dessa Terra possam ajudar isso a acontecer. Que o povo da Terra do Brasil possa se juntar, por mais que haja opiniões divergentes, que isso seja motivo para maior debate e conhecimento, e não para brigas e levar coisas para o pessoal.



Aros Semen Amores

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Água Benta


Esses dias têm chovido bastante aqui na região onde moro, o que é delicioso. Sempre gostei mais dos dias frios, nublados e tempestuosos do que os dias quentes e suados. E em homenagem à chuva vou escrever sobre Água Benta. Como assim, água benta? Isso não é uma coisa usada pela Igreja Católica ou para afugentar vampiros? Sim e não. O que a maioria não sabe é que a história e utilização de água benta é muito mais velha do que o legado cristão.  Bom, tire a roupa e mergulhe fundo nessa história.

Os gregos da antiguidade já usavam água benta para purificar locais e pessoas e também apagar as tochas dos templos. Já os romanos (os gregos também) costumavam usar um maço de ervas para aspergirem quaisquer coisas que precisassem serem abençoados, fossem pessoas ou locais. A água é extremamente purificadora e é bem comum a sua utilização em banhos para a purificação física e espiritual antes de qualquer cerimônia mágica. Assim, você está limpo e pronto para adentrar na presença dos Deuses, Deusas e Espíritos.

Entretanto, não é qualquer fonte aquosa que pode ser usada. A água, dependendo sua origem, deve ser consagrada e contrariando o que algumas tradições podem dizer, sei que qualquer pessoa pode preparar sua água benta. Bom, o método que vou ensinar tem suas raízes na magia folclórica européia, mas receitas similares são encontradas em várias partes do globo.

Os fluídos da Terra estão intimamente conectados com a Lua, recebendo desse astro a sua sagração, assim, colocar um objeto de prata (gente, prata de verdade, nada de banhado ou prateado) seja um anel, brinco, moeda ou qualquer outro objeto é o primeiro passo. A seguir, coloque no recipiente uma Pedra da Bruxa (Adder Stone), que é uma pedra naturalmente furada ou algum seixo de rio ou fonte sagrada.

Uma vez que o recipiente estiver com a água, a pedra e o objeto de prata iniciam-se os encantamentos. Você pode colocar suas mãos sobre o líquido ou recitar o encantamento bem perto da água, de modo que a sua respiração toque a superfície. É interessante que você crie seus próprios encantamentos e sagrações, porém, como inspiração, deixo abaixo algumas palavras de poder:

Água, pedra e prata
Juntos, sagrados
Nenhuma magia contrária
Por ti, passa

Simples, não? Porém, é importante ressaltar alguns pontos, pois o tipo de água escolhido para fazer sua água benta é muito importante, visto que diferentes fontes de água têm diferentes propriedades mágicas:

·         O orvalho da manhã é coletado e abençoado para ritos de cura, beleza e longevidade. Essas gotas mágicas são especialmente potentes se coletadas antes do nascer do sol em uma data sagrada da Primavera ou Verão.

·         A água do mar é excelente pra exorcizar e expulsar espíritos malignos de uma pessoa, lar ou pedaço de chão – “nada maligno jamais poderá cruzar o mar.”

·         Águas coletadas de chuva são poderosíssimas para abençoar locais e mulheres que desejam ter filhos.

·         Se possuem a origem em fontes subterrâneas (minas), são águas conectadas com os Ancestrais e possuem grandes poderes de abençoar, curar e fertilizar.

·         O sal expurga espíritos, logo, não utilize água do mar para trabalhar com seus Ancestrais!

A coleta dessas águas deve ser realizada nas luas Cheia, Nova, em Sabbats, ao amanhecer e durante o crepúsculo. Deixe a água absorver as energias do Sol, da Lua ou das estrelas, dependendo dos seus interesses. Você pode usar seus dedos ou um maço de ervas para aspergir locais, objetos e pessoas com sua água benta. Arruda, alecrim, verbena, sálvia e tantas outras podem ser utilizadas.

O uso da água benta é ilimitado. Use sua criatividade e navegue nesse mar de possibilidades.

Morgan Lyra

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Resgatando a Selvageria da Bruxaria


Nossa bruxaria, ou melhor, nós mesmos, devemos nos tornar mais selvagens, mais instintivos, compreendendo melhor a amoralidade da natureza e a morte inevitável para que façamos alguma diferença neste mundo. Se quisermos preservar o que ainda nos resta da terra e sobrevivermos enquanto espécie é necessário que voltemos a ser selvagens. Devemos perder nossa fé, religião, construções e todos os detalhes que somente são importantes à civilização. Muitas bruxas hoje, em sua ânsia de não causar mal a alguém se tornaram inofensivas. Devemos nos tornar um tipo diferente de bruxa. Alguém que não precisa de definições, limites ou expectativas - algo primal, indomável, livre.

Vejo muitas bruxas e bruxos virtuais engajados em várias causas ambientais, sociais e políticas que nunca levantaram a bunda da cadeira para colocar a mão na massa, para ir à luta. Estes são como hippies vestindo algodão invadindo uma feira orgânica com a melhor das intenções, mas cuja ingenuidade é tamanha que não conseguem ver que isso não fará absolutamente nenhuma diferença sobre o meio ambiente e o declínio da civilização.

O que nós precisamos é de conhecimento local, engajamento local, medicina local, bruxaria local. Nunca antes na história da humanidade existiu uma bruxa não praticante. E se você não tem praticado, acha mesmo que os espíritos que habitam sua região se preocuparão com você e sua família? Qual foi a última vez que você falou com eles ou deixou-lhes uma oferenda? Você conhece seus nomes, poderes e locais sagrados? Não? Bom, então eles vão continuar habitando suas árvores mesmo quando estas crescerem sobre nossa cova coletiva e não chorarão por nós. Afinal, não foram os nossos antepassados e nós mesmos que derrubamos suas florestas, poluímos seus rios e oceanos? Por que algum espírito iria nos ensinar sua magia e medicina? Não mesmo! Para tal seria necessário um trabalho árduo, apenas para chamar-lhes a atenção, e anos para que estes pudessem confiar em nós novamente.

Entretanto, o que os antigos magos, bruxas, xamãs e feiticeiros fizeram para obter os favores dos espíritos? Eles, literalmente, foram a loucura. Saíram em busca de uma vivência selvagem, sozinhos, sem conforto ou companhia. Tiveram que aprender a caçar, cultivar, fazer vestimentas somente com aquilo que a natureza providenciava. Criar ferramentas, seguir a migração dos animais, saber predizer o tempo e as mudanças das estações. Tornaram-se tão selvagens que sua fala, modos e padrões morais foram esquecidos. Quando estes indivíduos voltavam para a civilização, entre cinco a dez anos depois, eles estavam irreconhecíveis: bestiais, perigosos, loucos. E indispensáveis para a sobrevivência daquele povo.

Mas qual é, afinal, o antigo propósito de uma bruxa ou xamã? É simples: ser um intermediário entre o mundo dos espíritos e dos homens, uma encruzilhada, traduzir, negociar, salvar e guerrear se preciso for. Para resgatarmos a selvageria da bruxaria é preciso reaprender essa lição. Temos que ser hábeis novamente na comunicação com os espíritos da natureza, animais, insetos, plantas, águas, florestas, montanhas, planícies, desertos e, também, com a morte.

E para podermos comunicar com os espíritos devemos nos tornar espirituais, devemos viver com eles, devemos conversar com eles mesmo que não hajam respostas. Onde quer que vivamos, devemos nos permitir ser imersos no solo local, sermos absorvidos pelo Anima Loci até que seus segredos e sabedoria sejam divididos conosco. Devemos nos tornar as bruxas da vila, xamãs que conversam como os espíritos que ali habitam.

Será preciso beber do orvalho da primavera, comer do doce fruto proibido, sugar todo o sabor das raízes, mastigar as folhas amargas, assar os cogumelos numa noite faminta e solitária sob o manto das estrelas. Alimentar-se assim até que sua pele fique verde e coberta de folhas e musgos, seu sangue tornar-se seiva, sair flores de sua boca, brotar raízes das solas de seus pés.


Você é o que você come e você comeu o que é selvagem. Metamorfosei-se nele!

Morgan Lyra

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

TARÔ, Simbologia e Ocultismo - Nei Naiff


TARÔ, SIMBOLOGIA E OCULTISMO (Estudos Completos do Tarô, Volume 1) - Nei Naiff

Já li esse livro há algum tempo e sempre que posso o releio. Posso dizer com toda a certeza que foi a obra que mais me esclareceu a respeito do Tarô: o que ele é, sua história, suas utilizações e estrutura. Um livro incrível!

O autor já trabalha com o oráculo há mais de 20 anos e tem muita propriedade para falar sobre o tema, sendo muito conhecido e renomado mundialmente. A forma como o livro foi escrito também ajuda na compreensão do oráculo, pois o Nei escreve de forma simples e objetiva. A leitura sobre esse tema nunca foi tão fácil pra mim.

Ele começa já esclarecendo, de forma sucinta, algumas terminologias utilizadas no Tarô e já passa para um estudo sistemático e profundo sobre o que é simbologia, como funciona, o porque de utilizarmos, como ele se manifesta, etc. Essa introdução se faz necessária para que se entenda melhor os arcanos e o modo de se estudá-los, que acontece somente no segundo volume da trilogia. Explica também a diferença entre símbolo e arquétipo, informando que dizer arquétipos do tarô é totalmente equivocada.

Fala sobre a estrutura das cartas e suas classificações, ritmos, significação de alguns símbolos específicos, sintomas, etc. Nessa parte do livro ele explica todas as estruturas conhecidas do estudo do Tarô (binária, ternária, setenária, quaternária, decenária) e apresenta a própria estrutura que desenvolveu baseado em todos os seus ano de estudo e que lhe rendeu o mais profundo respeito dos tarólogos do mundo inteiro. Essa estrutura Naiff do Tarô foi a que realmente me auxiliou a compreender todo o complexo simbolismo dos Arcanos Maiores.

Cita também a incongruência entre se estudar o Tarô baseado em outros sistemas oraculares, como, Cabala, Astrologia, Mitologia e Numerologia. Explica que estudar esses sistemas como sendo complementares e de possíveis alusões com os arcanos é válido, mas depender o estudo do Tarô nesses sistemas é incorrer em erro e em nunca conseguir compreender o real significado de cada carta. Fala também da evolução do tarô e suas classificações na história: clássicos, transculturais e surrealistas ou fantasia. Traz também inúmeras referências de museus, bibliotecas e livros do mundo inteiro sobre o Tarô.

Por fim, faz uma apresentação extensa sobre a história do Tarô século a século. São tantos detalhes que é impossível o leitor não entender o quanto algumas historinhas contadas por tanto tempo são inconsistentes. Com isso é possível finalmente concluir que o Tarô não tem sua origem com os egípcios, ciganos, hindus, atlantes e afins, mas que foi gerado na Idade Medieval europeia e que sua primeira aparição foi no século XIV.

O que posso dizer aos interessados no tema e historiadores de plantão? Esse livro é completo e infinitamente foda. Eu mega recomendo e é um dos meus livros de consulta que está à mão para qualquer oportunidade. Ainda mais porque está autografado. Emoticon grin

CAPÍTULOS
1 - Indrodução à Simbologia (Origem e Função, Classificação e Definição)
2 - Estrutura do Tarô (Pesquisa e Teoria, Alfabeto Simbólico, Integração dos 78 Arcanos)
3 - Diagrama da Vida (Estrutura Binária, Estrutura Ternária, Estrutura Setenária, Estrutura Quaternária, Estrutura Decenária, Estrutura Naiff de Tarô)
4 - Ordem no Caos Simbólico (Primeiro Passo, Tarô versus Astrologia, Tarô versus Numerologia, Tarô versus Mitologia, Tarô versus Cabala, Conclusão do Caos)
5 - Gênese do Tarô (Afinal, quem inventou o Tarô?, Século XIV, Século XV, Século XVI, Século XVII, Século XVIII, Século XIX, Século XX, Século XXI)



Dallan Chantal

domingo, 17 de janeiro de 2016

IMPERATRIZ - TARÔ


E hoje Ela chega com soberania e esplendor. Vou falar sobre a Imperatriz!

De todas as cartas do Tarô essa é uma das que praticamente não existe sombras que atrapalham o caminho, pois até quando vivenciamos seu ciclo sem progressão, ainda assim estaremos felizes, satisfeitos e alegres. Aqui a Sacerdotisa, que antes era fechada, desconfiada e introspectiva, descobre um mundo inteiro ao seu redor e se torna uma mulher cheia de si: aberta, confiante e extrovertida.

Somente relembrando uma coisa: não devemos estudar o Tarô de forma etnocêntrica; ou seja, não devemos tentar entende-lo baseado na nossa compreensão de mundo como ele é hoje, mas como era na época em que foi criado. Sendo assim, o estudo deve ser voltado para a forma da sociedade da Idade Medieval. Nessa época as Rainhas tinham como objetivo manter o reino através da geração de herdeiros/descendentes e é daí que extraímos o significado de mantenedora dos bens adquiridos e com um forte poder fertilizador. Se conseguirem entender o papel de cada figura/personagem das cartas dessa forma, não haverá erros. ;)

Simbologia

Sabe todo aquele desejo contido da Sacerdotisa? Então, isso não existe mais com a Imperatriz. A mulher, que é o símbolo da fertilidade e sedução, agora se encontra com roupas mais leves que mostram o adorno do seu corpo, numa alusão de que agora participa ativamente do mundo exterior, da sociedade e daquilo que a cerca. Enquanto está sentada no trono, representando poder e soberania, além do mais elevado status social, os seus pés estão figurados afastados, demonstrando que está pronta para agir. Mas, suas ações são sempre voltadas para a preservação daquilo que se conquistou, pois seu rosto está voltado para a esquerda, símbolo do passado.

Sim, a Imperatriz tem o poder de gerar novas formas de vida e assim o faz - que estaria relacionado ao futuro. No entanto, o seu foco é preservar aquilo que criou para assegurar o bem estar da prole. Por isso, nas ilustrações dos tarôs transculturais (que se baseiam em determinadas culturas para representar os arcanos) a Imperatriz é figurada como Gaia, Ísis e Deméter, por exemplo. As Mães do Mundo.

Note que o trono no qual ela se senta tem o formato de asas, mostrando ideais elevados, e o escudo, emblema de proteção e poder bélico, também está representado com uma águia com as asas elevadas. Esse conjunto simbólico mostra que a Imperatriz possui uma alta compreensão de hierarquia, inteligência e visão clara das coisas. Perceba ainda que assim como o Mago, que segura o bastão com a mão esquerda e a moeda com a direita para canalizar as forças astrais e manifestá-las na vida cotidiana, a Imperatriz segura o cetro com a esquerda e o escudo com a direita. O lado esquerdo é considerado receptivo enquanto o direito é projetor. Portanto, a Imperatriz com a esquerda absorve seu poder do mundo, do seu reino e de suas crenças (visto que o cetro possui um globo e uma cruz, símbolos de domínio e fé, respectivamente) para manifestá-lo com a direita de forma a proteger aqueles a quem ama. Uma mãe sempre está de olho em seus filhos.

As feições da Imperatriz também são mais suaves, ao invés de severas, mostrando compreensão para com seus súditos. Ela sabe de suas limitações, mas sempre deseja promover o bem estar social. Aos seus pés tem-se ainda uma pequena gramínea que cresce num solo fértil, mostrando que o poder fertilizador e de criação dela são infinitos. Pra finalizar, sua coroa que demonstra todo seu poder social possui 12 gemas de pedras preciosas, numa alusão aos signos zodiacais, mostrando toda a temporalidade de seu poder.

Tarologia

Prazer, conservação e criação. Creio que essas três palavras resumem bem o arcano III, mas não é só isso. Enquanto o Mago tenta criar o mundo ideal e a Sacerdotisa tenta compreendê-lo, a Imperatriz está no meio de seu próprio mundo, vivenciando-o a cada instante. Poderíamos dizer que Ela é seu próprio reino e vida. Depois de aspirar e analisar com cuidado seus planos, o que a cerca é exatamente aquilo que ela projeta, pois o mundo se transforma mediante sua vontade. Outro ponto: enquanto a Sacerdotisa é tímida e tem baixa estima, a Imperatriz é expansiva e tem uma super confiança em si com uma grande alta estima.

Novamente temos aqui um arcano que fala exclusivamente da vontade pessoal do consulente. Essa carta fala dessa nossa busca por impor nossa vontade e por isso mesmo é figurada com tantos símbolos de poder e status social. Ela não conta com a interferência de terceiros para a realização de seus planos, apesar de necessitar destes para concretizá-lo. Também não se reporta ao carma. Ou seja, faz parte do grupo de 5 arcanos em que a tônica é a busca por realizar aquilo que sonhamos, idealizamos e planejamos para a nossa vida.

Quando essa carta se apresenta, podemos ter certeza de que nossos planos serão realizados. Entretanto, a Imperatriz busca a realização de seus planos conhecendo bem as limitações que possui. Ela não se utiliza de sua posição social para desmerecer ou agir de forma arrogante e prepotente para com os outros. Mesmo sendo superior, ela sabe que todos somos iguais e por isso age de forma respeitosa e gentil. E assim ela começa a construir seu reino, seu castelo, que futuramente iremos visualizar pronto quando estudarmos o arcano XVI, Torre.

Como já dito anteriormente, a Imperatriz faz o que faz visando seu bem estar, mas também o conforto daqueles a quem ama: sua família. Portanto, o próximo passo a aprender é controlar aquilo que se tem e continuar expandindo o reino, não apenas conservando-o. Se isso não acontece, tudo fica inerte ao seu redor. Nada se expande e nada se contrai. No entanto, ela já alcançou o patamar que queria e se satisfaz com isso. É como quando compramos um carro e estamos bem com ele, não desejando trocá-lo e nem comprar outro, mas apenas realizar as revisões necessárias de tempo em tempo para manter um bom funcionamento do automóvel. É por isso que disse mais cedo que mesmo em seu aspecto “sombrio”, essa carta é bem suave. Mas, ressalto que agir assim, mesmo que não nos prejudique, impede o crescimento pessoal.

Numa pergunta de sim ou não, ela representa o Sim. Se em conjunto com uma carta da corte, no método europeu de se jogar as cartas (que falarei em outro momento), pode representar uma pessoa. É uma carta de uma sagacidade tremenda. Ela é muito inteligente. Mesmo que seja altruísta, ela não é ludibriada facilmente. Sabe do que quer, mas também não vai entrar numa furada. Ou você acha que ela conseguiu estar onde está sendo inocente?

Taromancia

Como já disse, a taromancia não deve ser confundida com a tarologia, pois se corre o risco de uma interpretação errônea, sendo a taromancia a leitura do oráculo e a tarologia o estudo dos símbolos das cartas. A taromancia é como o arcano deverá ser interpretado durante uma consulta de acordo com a questão formulada e com o plano elemental da mesma.

Segue novamente para elucidação: o plano material terá relação com o corpo, ciência, dinheiro, trabalho, posses, casamentos, contratos, Terra; o plano mental com a alma/psique, filosofia, estudos, profissão, intenção, planos, ideias, Ar; o plano sentimental com a alma/emoção, arte, desejos, paixão, sonhos, amor, anseios, Água; e o plano espiritual com o espírito, religião, conceitos, dom, intuição, magia, ocultismo, Fogo.

Vejam a diferença de significação de acordo o plano elemental:
  • Material: realização, prosperidade, sucesso, sorte, promoção, fertilidade.
  • Mental: inteligência, planejamento, sagacidade, perspicácia, criatividade, eloquência.
  • Sentimental: prazer, amor, paixão, sexo, casamento, alegria, carinho, alta estima, sensualidade.
  • Espiritual: fé, magia, harmonia, esperança, compreensão, reflexão sore a vida, proteção.
Também citei outras duas interpretações do arcano de acordo com a Casa que a carta cair dentro de um método pré-definido antes da jogada: a Casa de Conselho ou a Casa Negativa. Com relação ao atributo negativo, a interpretação não deve ser realizada de acordo com o que achamos ruim aos olhos éticos e morais que temos, mas de acordo com o simbolismo contrário do arcano. Exemplo: se a Imperatriz  representa ação e criação, numa Casa de análise negativa ela informará que os caminhos estão fechados e a mente limitada de forma a impedir a concretização dos projetos.


  • Negativo: inatividade, improdutividade, ignorância, desatenção, frieza, desamor, tristeza, prepotência, futilidade, esterilidade, descrença, desinteresse.
  • Conselho: acredite que se está no caminho correto, não mude seus planos, pois assim conseguirá conquistar o desejo do seu coração. Aproveite esse momento que é único e siga em frente sem pestanejar.
Musicalidade

Uma coisa que adoro fazer é relacionar os arcanos com canções. As músicas transmitem sentimento e tem a capacidade de nos transportar para o cerne de determinada questão tão fortemente que facilita a assimilação do arcano.

Portanto, deixo com vocês quatro canções que penso se relacionarem com esse arcano. Caso vocês conheçam outras canções que podem representar a Imperatriz, por favor, sintam-se a vontade de compartilharem nos comentários. =D

PITTY – Desconstruindo Amélia

BEYONCÉ – Run The World (Girls)

RIHANNA – Only Girl (In The World)

LADY GAGA – G.U.Y

Conclusão

A Imperatriz é nossa mãe que nos acolhe, dá carinho, puxa a orelha, sente-se feliz em nos ver feliz. Mas, também é a esposa amorosa, amante insaciável, companheira leal, amiga para todas as horas. E quem disse que também não pode ser a Bruxa maliciosa, professora sábia e avó que mima? A Imperatriz pode ser todas elas e muito mais porque a Imperatriz é praticamente o emblema da Mulher no Tarô.

Quando vemos uma mãe que não sabe nadar, mas pula no rio pra salvar o filho, vemos o poder da proteção da Imperatriz. Quando vemos uma presidente sofrer processo indevido de impeachment, mas continua firme em seus ideais, é quando a Imperatriz mostra sua força. Quando vemos uma artista fazer um álbum incrível, mas ser podada pelos seus produtores e ainda assim dar a volta por cima, é porque essa Imperatriz tem fé naquilo que deseja expressar. Quando vemos uma deusa reinar acima dos outros deuses e ser capaz de dominar a maior força de destruição da Natureza, o raio, é porque ela se tornou a maior Imperatriz que o mundo jamais conheceu!

O poder da Imperatriz é vasto e não se limita exclusivamente às mulheres, mas os homens também podem vivenciá-lo. Vivenciam quando se preocupam com os filhos, cuidam do lar, procuram manter e crescer em seus empregos, são justos, sensuais, mestres, etc.

Enfim, essa é carta muito bela e seu poder de atuação é incrível. Que tal, para esse começo de ano civil, trabalharmos com ela e assim prosperarmos com plenitude e abundância?!


Dallan Chantal