quarta-feira, 21 de outubro de 2015

GANESHA - REMOVEDOR DE OBSTÁCULOS

Sábio não é aquele que enfrenta os obstáculos, mas aquele que os contorna com astúcia. Ouça mais, fale menos e reflita sobre tudo!

Removedor dos Obstáculos

Ganesha é o famoso Deus Hindu com cabeça de elefante e a divindade mais adorada desse panteão. Aum Shri Ganeshaya Namah (Salve o nome de Ganesha).

Ele é uma divindade com inúmeras atribuições e mitos diferentes de acordo com a região ou crença específica de alguma vertente hindu. Mas, uma coisa com que todos concordam é com relação a sua importância. Um exemplo é que em qualquer tipo de ação que o hinduísta vá fazer, desde os sagrados até os profanos (rituais, iniciar um projeto, começar uma oração, etc), a primeira deidade a ser cultuada é sempre Ganesha. Essa importância que Ele tem é explicada em vários de seus mitos, mas antes é necessário saber quem é Ganesha.

NASCIMENTO E PODER

Existem várias versões sobre seu nascimento e em todas Ganesha é apresentado como um humano comum em aparência, mas de acordo com algumas eventualidades Ele “ganha” sua cabeça de elefante.

A mais famosa trata de quando Parvati, sua mãe, desejou tomar um banho e, para que ninguém a incomodasse, já que os Ganas (o exército de Shiva, seu marido), não estavam por perto, formou Ganesha da pasta que iria utilizar no banho e deu-lhe vida. Quando Shiva retornou para casa desejou ver sua esposa, mas Ganesha se postou à frente impedindo a passagem de Shiva mesmo com a explicação de que era marido de Parvati. Shiva então ficou muito irado e entrou em combate com Ganesha com o último sendo decapitado pelo primeiro com o Trishula (tridente). Parvati, vendo o que aconteceu ficou desgostosa e com raiva e, para aplaca-la, Shiva ordenou que lhe trouxessem a cabeça do primeiro animal que estivesse dormindo voltado para o norte, pelo qual trouxeram a cabeça de Airavat, o elefante branco que era a montaria de Indra (em algumas versões era apenas um elefante moribundo). Colocando a cabeça em contato com o corpo inerte, Shiva trouxe Ganesha novamente à vida. Após isso, Ganesha ainda foi elevado à categoria dos Deuses Principais.

Também existem outras versões para a história do nascimento de Ganesha. Num outro conto lemos que existia um demônio (Asura) chamado Gajasura que tinha seu corpo como de um elefante e que estava praticando tapas (penitências) com o intuito da elevação espiritual. Shiva, estando muito satisfeito com esse feito, em um dado momento lhe perguntou o que desejava ao que Gajasura desejou que ele Shiva habitasse sua própria barriga. Como Shiva é uma deidade que se agrada facilmente, cumpre suas palavras e concede muitas bênçãos, atendeu ao pedido do demônio. Mas, após algum tempo, Parvati (esposa de Shiva) ansiosa pelo desaparecimento do marido, pediu auxílio a Vishnu por ser o deus que sabe de todas as coisas, e enganando Gajasura conseguiu com que Shiva fosse expelido do estômago do demônio. Ao notar que tinha sido enganado pediu perdão a Shiva e implorou por um último desejo: que fosse lembrado quando estivesse morto. Shiva então trouxe seu filho e trocou a cabeça do mesmo pela do demônio, nascendo assim Ganesha, o Deus com Cabeça de Elefante. Mas, além destas duas versões existem várias outras explicando o nascimento de Ganesha.

Todas essas histórias são uma alusão ao poder que Ganesha tem de sempre encontrar uma forma de remover quaisquer obstáculos que se apresentem. Mas, além de ser o removedor, Ele é também o Senhor dos Obstáculos, no sentido de controlador. Ou seja, Ele tem o poder de criar ou desfazer as intempéries da vida. Isso é mais um lembrete de que nada é 8 ou 80, preto no branco, bom ou mal, numa dicotomia atribuída tantas vezes pela nossa sociedade. Tudo, assim como qualquer deidade, é intrinsecamente boa e má, pois tem todas as polaridades em si e isso é refletido várias e várias vezes nos mitos de Ganesha.

Uma história clássica é quando Ganesha voltava de um festival montado em Mushika (a montaria de Ganesha que é representada por um rato) onde havia se banqueteado com várias oferendas, mas seu rato tropeçou numa cobra e lançou Ganesha ao chão. Nesse momento sua barriga se abriu e derramou várias das oferendas ao chão e levou Chandradev, o Deus Lua, a entrar num surto de gargalhada. Ganesha se levantou, pegou a cobra que tinha feito seu rato tropeçar e amarrou-a na cintura para segurar a barriga aberta e olhando para Chandradev lançou uma maldição. Nesse momento existem duas versões para o final: A) Chandradev foi banido dos céus e o dia e o calor inclementes passaram a vigorar porquanto os deuses formaram uma comissão para pedir a revogação da ordem. Ganesha concedeu com a condição de que o Deus Lua somente pudesse brilhar com todo seu esplendor durante apenas um dia, com os outros minguando e crescendo em poder (antes era sempre Lua Cheia); B) Ganesha quebra uma de suas presas e a lança num rompante de fúria no Deus Lua partindo em duas partes a face luminosa do astro, além de decretar que quem olhasse para a lua teria sempre má sorte. Chandradev ficou muito arrependido e pedindo misericórdia foi atendido, pois Ganesha também é Sumukha, o Senhor cheio de Graça. Mas, uma maldição não pode ser revogada, então, Ganesha apenas a abrandou: a Lua seria obrigada a minguar seu esplendor a cada 15 dias e aquele que durante o Ganesh Chaturthi (festival que dura 10 dias e celebra o nascimento de Ganesha) olhasse para nosso satélite teria má-sorte.

APARÊNCIA E SIMBOLISMO

Assim como todas as deidades hindus, Ganesha é representado de várias formas com um rico simbolismo que o acompanha e explica sua força de atuação como divindade. A única forma em que não é representado é com apenas dois braços, pois pelas regras da iconografia hindu isso seria um tabu por não refletir a divindade do deus. Tabu é uma regra estipulada pela crença de que se for violada o seu provocador sofrerá consequências como azar ou o desagrado de alguma deidade.

Ganesha é inicialmente identificado com o Om. O Om, também escrito como Aum, é o som da criação e dizem que o Cosmos se originou através dele sendo, portanto, o primeiro som a ser ouvido. Por isso Ganesha é chamado de Omkara ou Aumkara, pois seu corpo forma o Om perfeitamente. Notem as semelhanças nas figuras abaixo:
    
  


Por Ganesha estar relacionado ao Om, o som da criação, é que é sempre invocado primeiramente em qualquer ação que o hinduísta faça. Assim, Ele também é identificado com Brahman (o Princípio Divino) e, por isso mesmo, podemos dizer que Ele é o Senhor e Removedor dos Obstáculos justamente pelo fato de que o poder da criação o acompanha. A forma como seu corpo é representada também alude a sabedoria dominando as emoções e que quando se chega nesse patamar o adepto é capaz de alcançar qualquer intento que tenha. Pense bem, se você é capaz de alcançar qualquer intento então você é capaz de criar seu futuro e moldar sua vida conforme seus desejos. Esse é um dos motivos da grandeza de Ganesha e de ser invocado principalmente em trabalhos mágicos que envolvem prosperidade financeira e abundância.

Mas, fazendo uma análise mais acurada de Ganesha, vejamos todo o simbolismo em que está inserido:

·        Cabeça de elefante: sabedoria, compreensão, intelecto discriminador e fidelidade. Tudo isso para atingir o ideal de perfeição como concebido pelos hindus;
·        Boca grande: desejo humano de se aproveitar das coisas que a matéria tem a nos oferecer. Ganesha em alguns contos é descrito como um glutão que não pode ser saciado a não ser que se ofereça arroz tostado para Ele. Mas, aqui o glutão não toma medidas negativas, mas no sentido de aniquilador da vaidade e orgulho humanos, como contado na história do tesoureiro do paraíso que quis dar uma festa para ostentar seus bens e Ganesha se alimentou de toda a cidade e até o ameaçou de comê-lo também, pois tinha muita fome. Ganesha é o filho de Shiva, o Destruidor, certo?! Rsrs;
·    Orelhas largas: capacidade de ouvir e assimilar ideias, além também de sabedoria. Ou seja, a Ele pertence todo o Conhecimento;
·    Duas presas, sendo uma inteira e a outra quebrada: a direita (inteira) representa a sabedoria e a esquerda (quebrada) representa a emoção, mostrando que atingimos a perfeição ao dominar nosso ego. Num dos vários mitos de Ganesha, Ele quebra uma de suas presas para escrever os Vedas, tirando os homens da oralidade e manifestando assim a sabedoria divina através da escrita;
·    Olhos de elefante: os elefantes enxergam as coisas maiores que são e trazendo esse conceito para Ganesha o buscador deve também ver as coisas dessa forma, conseguindo, assim, atingir a sabedoria;
·         Tromba curvada: o poder da razão que é capaz de discernir entre o real e o irreal;
·         Trishula sobre o Chakra Frontal: a capacidade de Ganesha de transcender o tempo (passado, presente e futuro) assim como todas as coisas trinas da criação;
·        Barriga sobressalente: sua capacidade de abundância por conter todas as possibilidades em si e subjugar os sofrimentos do mundo em prol da bondade. Também representa a capacidade de enfrentar todos os subterfúgios que se apresentam;
·       Vestimentas amarelas ou vermelhas: pureza, paz, honestidade e nossas atividades na vida. Qualidades que devem ser procuradas por aqueles que querem transcender esse mundo;
·     Mushika, o rato veículo de Ganesha: representa o ego que é dominado pela sabedoria assim como a ignorância que encontra a luz do conhecimento. Em algumas representações de Mushika, este aparece segurando um Laddu (doce tradicional oferecido a Ganesha) sem consumi-lo enquanto olha para o Deus. Este ato simboliza que o ego dominado pelo adepto somente fará suas ações sob a supervisão da sabedoria. Vale ressaltar também que o rato vive nos esgotos e devora a tudo que encontra pela frente, mas quando se depara com a luz do conhecimento ele encontra seus talentos e através da inteligência atinge a sabedoria.

Já o simbolismo dos seus braços e pernas terá uma significação de acordo com a imagem representativa do Deus. De forma geral, o lado esquerdo de Ganesha representa a emoção e o direito, a razão. Portanto, a leitura dos simbolismos e artefatos que o Deus segura em suas mãos terão uma significância de acordo com esse parâmetro.

·    Mão que segura uma machadinha: restrição dos desejos em prol da verdade, eliminando todo o sofrimento e dor;
·         Mão que segura um chicote: força para supressão dos desejos mundanos;
·         Mão que abençoa: proteção, riqueza e sabedoria que Ganesha concede ao devoto;
·      Mão que segura um lótus: a realização do verdadeiro eu que, como o lótus, é tocado pelas águas (emoções), mas não se deixa molhar. O verdadeiro eu no hinduísmo é conhecido como Atman e é utilizado também para expressar o Brahman. Essa expressão fala do divino da Alma Individual de cada ser e, se entendermos Ganesha como sendo a expressão de Brahman, então temos a correlação entre alcançar a sabedoria sendo igual a alcançar Ganesha. Somos Mushika que está aos pés do Deus.

A posição das pernas de Ganesha também tem muito a revelar. Em algumas representações Ele está sentado na posição de lótus e a perna direita está acima da esquerda simbolizando que atingimos o sucesso quando usamos nossa inteligência e a razão para superar nossas emoções. Mas, se as pernas são representadas com uma deitada e a outra em pé, simbolizam a capacidade de vivermos no mundo material e telúrico mesmo sendo seres espirituais.

OUTROS MITOS E REFERÊNCIAS

No sul da Índia é alegado que Ganesha é um celibatário por ter sido concebido apenas pela sua mãe Parvati (de acordo com alguns mitos) e por um mito que conta como Ele percebeu que todas as mulheres são manifestações de sua mãe e por isso não poderia se deitar com nenhuma. O mito diz que certa vez Ele brincava com uma gata e a machucou. Quando retornou para casa encontrou sua mãe com uma ferida em seu corpo e Ela lhe contou que foi Ele próprio que a machucou porque Ela é imanente em toda forma de vida. No norte da Índia já é dito o contrário: que Ganesha é casado com as duas filhas de Brahma, Buddhi ou Riddhi (que representa o intelecto e a
sabedoria) e Siddhi (que representa o poder espiritual, o sucesso e a prosperidade). Essa discrepância não torna seu culto contraditório, mas reflete as várias formas como se enxerga uma deidade. Quando é cultuado como um celibatário Ele é expresso como o filho altruísta que não deseja macular a mãe que existe em toda forma de vida, mas quando é cultuado como casado Ele é expresso como aquele que é sábio justamente por ter como companheiras o intelecto e a prosperidade.

Ele também é conhecido como Senhor dos Exércitos, pois controla a força dos Ganas. Os Ganas são o exército celestial de Shiva que habitam lugares limiares e infernais como cemitérios e templos. Uma história nos conta que Shiva propôs um desafio aos deuses para ver quem daria a volta ao mundo o mais rápido possível e retornassem. Os Deuses tomaram suas montarias e saíram, mas a montaria de Ganesha é Mushika, o rato, e por isso ele era muito lendo. No meio do caminho Ganesha já impaciente encontrou o sábio Narada que lhe perguntou aonde ia ao que Ganesha se conformou com a derrota, pois existem duas superstições na Índia que dizem que é má sorte encontrar um Brahmin solitário numa estrada e quando se pega um caminho ser perguntado para onde se está indo. Ainda assim, Ganesha lhe respondeu a pergunta com cortesia e Narada lhe respondeu que Rama é a semente da qual todos nascemos e por isso bastava escrever a palavra no chão, andar ao redor e voltar para Shiva. Ganesha assim o fez e por isso foi o primeiro a chegar, sendo então declarado vencedor e ganhando o título de Chefe dos Ganas e a tropa sob as suas ordens.

ADORAÇÃO E INVOCAÇÕES

Uma forma simples de adoração é montar um altar com um pano vermelho ou amarelo e uma estatueta de Ganesha em cima. Pode-se colocar três velas amarelas, um cristal branco e nove ou 7 moedas ao redor da imagem. Oferendas comuns são leite, arroz cozido, flores amarelas e vermelhas, incenso, Laddu ou Modak (doces hindus tradicionais), danças e a recitação diária de algum de seus mantras. Ganesha concede aos seus adoradores riqueza, beleza, saúde, sucesso, prosperidade, sabedoria, inteligência, conhecimento, astúcia, compaixão, força e equilíbrio.

Uma coisa que é interessante de citar é o fato de que muitos adeptos do culto aos deuses hindus afirmam que não são politeístas (cultuam vários deuses) e muito menos monoteístas (cultuam apenas um deus), mas sim henoteístas. Ou seja, as deidades cultuadas são todas emanações de uma única força criadora que servem para conectar o homem ao divino. Para os hindus essa força se chama Brahman (não confundir com o Deus Brahma), mas também é conhecido em outras culturas como Grande Arquiteto do Universo, Logos, Cristos, etc. Digo isso porque os hinduístas não são idólatras, pois não cultuam estátuas como se fossem deidades porque dessa forma teríamos vários Ganeshas, já que Ele é representado de várias formas.

Os hindus acreditavam que as imagens (chamadas de Murti) são como receptáculos da energia divina onde o sacerdote invoca a energia do Deus em questão e a canaliza na estatueta dando vida naquele momento ao objeto. Somente após essa operação se iniciam os trabalhos de oferendas, preces e meditações. Isso acontece porque os hindus acreditam que ter uma representação da deidade facilita a comunicação entre a mente do adorador com o deus, pois abre, através da visão, o Chakra Frontal que é estimulado e assim ficamos receptivos às mensagens (esse chakra é responsável pelo bom funcionamento dos olhos e ouvidos). Mas, não se deve acreditar que isso se trata de uma crença de apenas um povo, pois os egípcios, gregos e iorubas também tem essa prática como uma constante em seus cultos.

1.     SHRI GANESHA UPANISHAD
Aum! Deixe-me ouvir com meus ouvidos Aquele que é auspicioso e adorável. Deixe-me perceber com meus olhos é que é sagrado e auspicioso. Com corpo e membros fortes, estáveis, que eu possa buscar a graça divina e aceitar a ordem nobre de toda a vida.

Eu me entrego a você, Lorde Ganesha. Você é o orador. Você é o ouvinte. Você é o doador. Você é o sustentador. Eu sou seu discípulo. Proteja-me à frente e atrás. Proteja-me a partir do Norte e do Sul, a partir de cima e de baixo. Proteja-me de todas as direções.

Você está cheio do perfeito conhecimento da verdade e da sabedoria. Você está cheio da bem-aventurança e de pura consciência. Você é a verdade, razão e felicidade. Você é a consciência absoluta. Você está cheio de sabedoria e conhecimento supremo.

Você é a terra, água, fogo, ar e éter. Você é a raiz da fundação da palavra. Está além dos três gunas: Sattva, Rajas e Tamas. Está além dos corpos físico, mental e causal. Está além dos três aspectos do tempo: passado, presente e futuro. Você está eternamente estabelecido no Chakra Coronário. Você têm três Shaktis: ação, conhecimento e vontade.

Saudações ao Ganapati, cuja semente é o mantra Aum Gam. Eu conheço o Ekadanta, o de uma única presa, o Deus único. Eu medito sobre Vakratunda, o deus de tromba curvada. Que esse Deus Elefante único ilumine a minha consciência e me dirija ao longo do caminho certo.

Medito sobre Lorde Ganesha que possui uma presa e quatro braços; segura o chicote e aguilhão com dois deles; com os outros dois o lótus, indicando a doação de dádivas e bênçãos, e a mão abençoando, o gesto que remove o medo; tem um rato como o emblema de seu estandarte; possui uma grande e bela barriga e lindas orelhas grandes que pendem joias; que cobre seu corpo com um pano e uma pasta vermelhas. Ele que é adorado com flores vermelhas. Ele que se manifesta como o Universo e está além da própria matéria. O Deus Manifesto. Aquele que adora Ganesha assim é sempre o melhor dos iogues.

Prostrações a Vratapati, o Senhor da abundância. Prostrações a Ganapati, o Senhor de vários grupos de deuses. Prostrações a Pramathapati, o Senhor dos Exércitos de Shiva. Prostrações a Lambodara, o Deus da barriga cheia com apenas uma única presa, destruidor dos obstáculos, Filho de Shiva, o doador de todas as bênçãos.

Ele que canta este Upanishad, em verdade se estabelece em Brahman, a consciência pura. Ele nunca vai encontrar quaisquer obstáculos. Ele ficará feliz em todos os lugares. Ele estará livre dos cinco grandes pecados e outros de menor importância. Ao recitar estas palavras à noite, de dia meus pecados são destruídos.

Ao recitar estas palavras de manhã, a pessoa se torna livre dos pecados durante os sonhos à noite. Recitando estas palavras de manhã à noite, torna-se livre de todos os pecados. Torna-se livre de todos os obstáculos. Atinge-se as quatro extremidades divinas da vida: dharma, artha, kama e moksha – virtude, riqueza, prazer e libertação. Aum Sharanam Ganesha, Sharanam Ganesha.

2.     ORAÇÃO A GANESHA
Saudações ao Supremo Senhor Ganesha, cujo tronco curvado e corpo maciço brilha como um milhão de sóis e derrama suas bênçãos sobre todos. Os, meu Senhor dos Senhores Ganesha, gentilmente remova todos os obstáculos, sempre e sempre de todas as minhas atividades e empreendimentos.

Oro para o macho supremo e perfeito. Oro para aquele de presa única de elefante. Oro para aquele com uma barriga grande, que é onipresente. Eu medito e rezo para um maior intelecto para o Senhor Elefante com o tronco curvo. Eu me curvo diante daquele que é o único com presas de elefante para iluminar a minha mente com sabedoria.

3.     SAUDAÇÃO TRADICIONAL
Louvado seja Ganesha com cara de elefante, o Incompreensível com uma presa afiada, três olhos e uma grande barriga. Rei de todos os seres, o Eterno de cor vermelho-sangue, cuja fronte é iluminada pela Lua Nova, Filho de Shiva, removedor dos obstáculos. Ganesha Sharanam, Sharanam Ganesha.

4.     ORAÇÃO DA MANHÃ
Aum, Lorde Ganesha. Você faz as flores crescerem, você mantém a Terra girando em torno do Sol. Durante o dia você mantém as coisas permanecerem boas. Tu és o Senhor dos Devas. Eu sou um de seus devas também. Ajuda-me a pensar nas necessidades dos outros e a ser gentil com todos que conheço. Ajuda-me a pensar em você primeiro antes de começar algo novo e fazer sempre o que é certo. Ganesha Sharanam, Sharanam Ganesha.

5.     ORAÇÃO DO MEIO DIA
Aum, Lorde Ganesha. Tu que faz meu coração continuar batendo. Você tem me guardado das coisas más. Faça o meu amor por minha família e amigos crescerem mais fortes a cada dia. Faça-me cuidadoso e sábio. Ajude-me a respeitar para ser respeitado e lembre-me sobretudo da sabedoria dos Vedas. Ganesha, que é muito para eu compreender. Por favor, ajude-me a ter sucesso. Ganesha Sharanam, Sharanam Ganesha.

6.     ORAÇÃO PARA IR DORMIR
Aum, Lorde Ganesha. Durante a noite quando a Lua está acima no céu, lembre-me de sua presa crescente. Permaneça em mim, Ganesha, durante a noite, durante o sono mais profundo, em minhas experiências interiores, assim como tem permanecido durante meu dia em minhas experiências exteriores. Não me deixe jamais esquecer de Ti, mesmo em meus sonhos. Possa eu e minha família sermos guiados por sua sabedoria amorosa, mesmo em sonhos. Ganesha Sharanam, Sharanam Ganesha.

7.     ORAÇÃO DAS REFEIÇÕES
Aum, Lorde Ganesha. Tudo está dentro de Você. O Deus Shiva lhe deu o domínio sobre o universo material. Que eu me lembre sempre de compartilhar minha comida com os outros. Que o alimento que Você me dá agora flua em correntes sutis de plena harmonia fazendo meu corpo saudável e forte para que eu possa atende-lo bem. Ganesha Sharanam, Sharanam Ganesha.

8.     ORAÇÃO PARA ORIENTAÇÃO E INSPIRAÇÃO
Oh, Senhor e Governante dos Ganas, Oh Pacificador, Aquele que ama a pompa e a cerimônia, patrono das artes e conservador das esculturas antigas, Aquele adorado por todos os sábios, use Seu poderoso tronco para manter-me perto de sua majestosa mente no estado mais puro. Responda às minhas súplicas para maior clareza e direção. Por isso te suplico.

Proteja-me dos anseios da matéria e com firmeza me oriente pelos caminhos tradicionais de meus avós. Mantenha-me resolutamente a viver bem para crescer meu Dharma. Eu me prostro a Seus pés sagrados. Por favor, conceda-me Tua graça. Ganesha Sharanam, Sharanam Ganesha.

SEUS NOMES E EPÍTETOS

Ganesha é cultuado sob vários nomes, sendo os mais comuns: Ganesha, Ganexa, Ganesa, Ganesh, Ganapati, Vighneshwara, Vinayahar, Pillayar, Vinayaka e Malayalam. Geralmente antes de seu nome também é utilizado uma palavra que expressa respeito: Shri ou Sri, portanto, Sri Ganesha. A junção das palavras Gana (Senhor ou administrador) e Isha (Supremo) formam seu nome; portanto, Senhor Supremo. Seus epítetos também revelam muito da natureza e essência de Ganesha onde em alguns rituais alguns de seus epítetos devem ser pronunciados antes do início das operações.

Epítetos
ü  Akhuga (O que anda de rato)
ü  Ameya (Sem Limites)
ü  Anangapujita (O Sem Forma / O Sem Corpo)
ü  Aumkara / Omkara (Com o corpo na forma do Aum)
ü  Bala Gajanana / Bala Ganesha (Pequeno Ganesha / Bebê Ganesha)
ü  Bhâlachandra (Aquele que carrega a Lua Crescente em sua cabeça)
ü  Chintamani (Aquele que retira as preocupações)
ü  Dantivaktra (O de rosto de elefante)
ü  Dhûmraketu (Ardente / Senhor de cor esfumaçada)
ü  Ekadanta / Ekadamstra / Ekarada (Com somente uma presa)
ü  Gajadanta (O que tem presas de elefante)
ü  Gajakarna (Aquele com orelhas de elefante)
ü  Gajamukha (Aquele que possui a face de um elefante)
ü  Gajânana (Aquele que possui a face de um elefante)
ü  Gajavadana (Aquele que tem a cabeça de um elefante)
ü  Gananãyaka / Ganâdhipa / Gananatha / Ganeshvara (Senhor dos Ganas)
ü  Ganadhyaksha / Ganadhypati / Ganagrani (Ministro dos Ganas / Líder das Massas / Líder do Povo)
ü  Ganapa / Ganapati (Condutor dos Ganas)
ü  Gananayaka (Senhor de todos os seres)
ü  Jagadoddhara (Aquele que mantém o Universo)
ü  Jagannatha (Senhor do Universo)
ü  Kapila (Senhor de cor fulva)
ü  Karimukha (Aquele com rosto de elefante)
ü  Krishnapingala (Senhor Azul e Escuro)
ü  Lambodara (De Grande Barriga)
ü  Mushika Vahana (Aquele que conduz o rato)
ü  Pillaiyar (Filho Nobre)
ü  Shankarasunav (Filho de Shankara)
ü  Shivatmaja (Filho de Shiva)
ü  Shupakarna (Grandes Orelhas / Auspiciosas Orelhas)
ü  Sumukh (Aquele que tem uma bela face)
ü  Sumukha (Senhor Cheio de Graça)
ü  Vakratunda (Tromba Curvada)
ü  Vamana (O Anão)
ü  Vighna Vinashaka / Vighnanâsaka / Vighnanashim / Vighnarhartr (Removedor de Obstáculos)
ü  Vighnarâja (Rei dos Obstáculos)
ü  Vighnesh / Vighneshwara (Controlador dos Obstáculos / Senhor dos Obstáculos)
ü  Vikat (O Feroz)
ü  Vikata (O Deformado)
ü  Vinayaka (Líder Distinto)
ü  Vishvadhara (Aquele que mantém o Universo)
ü  Vishvanata (Senhor do Universo)

CONCLUSÃO

Ganesha é uma deidade grande, tão grande que transcende seu próprio panteão sendo cultuado no Hinduísmo, Vedismo, Bramanismo, Wicca, etc. Ele nos ensina sobre humildade, mas não no sentido de se sentir pequeno, se fazer inferior e aceitar a pobreza. A humildade que Ele ensina é a de enxergar as coisas em seu verdadeiro potencial, entender seu papel no mundo e tentar dominar as emoções que na maioria das vezes apenas nos leva a atitudes que iremos nos arrepender posteriormente. Aquele que é por demais emotivo, no calor do momento fala coisas sem pensar magoando os outros e não percebendo que suas atitudes prejudicam os outros. Mas, quando refletimos sobre algo antes de agirmos, ou seja, usamos a razão, falamos apenas o que é necessário, agimos quando precisamos agir e conseguimos quebrar o dualismo e enxergar as coisas sob uma nova ótica. Ainda assim, quando falamos de dominar as emoções não é no sentido de subjugar, mas de não sermos escravos dos nossos desejos e, sim, donos de nossas próprias vidas.

O convite que Ganesha faz aos buscadores é de usarmos nossos desejos como uma meta para o crescimento espiritual, nos utilizando da razão como meio de se alcançar um objetivo e da sabedoria para a compreensão do Todo. Ele é Aquele que abarca o Cosmos com sua dança e seu movimento traz cor e brilho tudo o que toca. Ganesha vai além daquilo que comumente chamamos de impossível.



Dallan Chantal

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Quando o paganismo se tornou tão cristão?


Hoje me fizeram essa pergunta.

Respondi brevemente, mas gostaria de elucidar melhor sobre, porque infelizmente ainda temos muita discussão a respeito desse tema que vira e mexe ainda paira como uma bruma nas conversas entre Adeptos.

O paganismo, como muitos já sabem, é um sistema religioso centrado no culto e adoração às forças da Natureza personificadas em deidades que se manifestam nessas forças. Por exemplo, Zeus, Deus do Raio; Ísis, Deusa das cheias do rio Nilo; Amaterasu, Deusa do Sol; etc. E, falando etimologicamente, paganismo tem sua raiz no latim "paganus", ou seja, morador do campo, habitante do campo.

Antigamente quando as cidades começaram a ser cristianizadas mais intensamente, logo após o Catolicismo ter sido oficializado como a religião oficial do Império Romano, o povo da urbes (cidade) já eram em sua maioria devotos da nova religião, mas o povo do campo ainda cultuava os antigos deuses e por isso eram debochados pelos cristãos como a dizer: "olha só, esse ainda acredita em superstições e não encontrou a verdade". Era como hoje dizemos "olha o caipira que não sabe de nada".

Ser chamado de pagão era uma ofensa, mas com o Renascimento e o Iluminismo tivemos uma onda crescente de informações dos antigos sendo recuperadas e percebidas que as antigas superstições continham um profundo conhecimento e sabedoria. Então, a palavra pagão surgiu mais uma vez, porém, sem a conotação negativa que antes lhe era atribuída. Surgiu como uma expressão que designava essas antigas religiões cheias de mistério, rica em ensinamentos e mágicas per se.

Ou seja, ser cristão é ser totalmente diferente de ser pagão. Mas, infelizmente no movimento neopagão (neo significa novo) vemos um crescente movimento tentando mesclar esses dois tipos de religiosidade. Gente, religião vem do latim religare, portanto, é uma forma de expressão que visa te religar/conectar ao divino. Como então é possível você se conectar ao divino de duas formas contraditórias? Não tem como. Vou dar alguns exemplos para elucidar melhor (esses conceitos apresentados são os mais comuns entre Cristianismo e Paganismo, mas não são gerais):

1 - Pagão é dualista; por vezes politeísta. Cristão é monoteísta;
2 - Pagão prega o respeito à natureza. Cristão orienta que você deve sujeita-la;
3 - Pagão não é proselitista e abomina tal prática. Cristão tem como uma de suas práticas principais o proselitismo (ide e pregai aos povos);
4 - Pagão reconhece vários caminhos para chegar ao sagrado. Cristão dita que só há um;
5 - Pagão vê a Divindade como imanente. Cristão como transcendente;
6 - Pagão não crê em um ser que encarna todo o mal em si. Cristão tem crença no Diabo;
7 - Pagão diz que pode-se entrar em contato direto com a Divindade. Cristão que precisa de um intermediário: pastor, padre, santos, etc;
8 - Pagão orienta a sempre buscar o conhecimento e questionar. Cristão que a única fonte de conhecimento está em um livro dito sagrado e que não há nada para ser questionado e, sim, obedecido;
9 - Pagão faz de todos iniciados sacerdotes. Cristão só inicia homens, portanto, somente ao gênero masculino é permitido exercer a prática do sacerdócio sendo, portanto, misógino e sexista;
10 - No Paganismo, mulheres tem supremacia de poder; em algumas Tradições, homens e mulheres tem igualdade de liderança. No Cristianismo a mulher é detentora do pecado original e deve ser submissa ao homem;
11 - No Paganismo o sexo é sagrado e puro. No Cristianismo o sexo é impuro e algo que só deve ser praticado para a procriação;
12 - No Paganismo sua orientação sexual é vista como sagrada. No Cristianismo você só chega a Divindade se for heterossexual, pois o que foge disso é abominação;
13 - O Paganismo é abraçado pelas feiticeiras. No Cristianismo é ensinado que não se deve deixar viver a feiticeira.

É claro que aqui não estou me referindo a Bruxaria, pois existem tradições heréticas de Bruxos Cristãos (outras nem tão heréticas assim), mas o Paganismo é como o óleo e o Cristianismo é a água: não se misturam.

Não tem como, por conseguinte, existir sem confusão Wicca Cristã, por exemplo. A Wicca é uma das várias religiões que se originam no Paganismo e, como explanado acima, não tem relação com o Cristianismo. Também não estou invalidando o caminho cristão, que é belo para quem realmente o entende, mas apenas afirmo que não tem como ser um e outro ao mesmo tempo. Como disse Jesus, não tem como você servir a dois senhores, pois em algum momento há de agradar um em detrimento do outro. Só acima mostrei como desagradar 13 vezes um dos dois senhores. rsrsrsrsrs

Então, fica de novo o questionamento, desde quando o Paganismo tem se tornado tão cristão? Desculpe o ego de alguns que aqui leem, mas a verdade é que muitos são rasos. Rasos em conhecimento, rasos como pessoas e mais rasos ainda em suas práticas. Não se desvincularam ainda das crenças impostas pela sociedade, que é cristã gostemos ou não, e por isso tem medo da danação eterna por renegarem completamente o conceito de um deus que existe apenas para nos punir e enviar para o inferno, como algumas igrejas gostam de aludir por aí.

O deus cristão não é assim, não é assim Jesus e não é assim as palavras que ele professou durante sua vida (se é que ele existiu). Quero que fique claro aqui que também não faço apologia para se tornarem pagãos ou que o Cristianismo é ruim, mas para se decidirem. Lembrem do que o deus cristão faz com os indecisos (mornos): ele os vomita.

Minha page é pagã e, portanto, falarei aqui apenas do paganismo. Se decidir viver o paganismo, viva-o em plenitude, viva-o sem amarras, viva-o livre das imposições e aprofunde-se nos mistérios. Entenda que nossa religião não é melhor ou pior que o Cristianismo, mas apenas outra forma de expressar uma espiritualidade. Seja cristão, seja pagão, mas seja apenas um ou outro. Não tentem fazer misturas estranhas, pois assim só trarão confusão espiritual para vocês.

Sejam sensatos!

#DallanChantal

Olhar de Bruxa

domingo, 11 de outubro de 2015

SEJAM BEM VINDOS



Sejam todos bem vindos ao Olhar de Bruxa!

Aqui serão tratados temas que envolvam a Arte e o Ocultismo de forma geral através da visão de Bruxos Pagãos. Somos todos provocadores, pois instigamos com o intuito de fazer o buscador pensar e refletir por si próprio.

Somos cultuadores dos Deuses Antigos e não somos proselitistas, mas divulgamos nossos conhecimentos para que a Bruxaria e o Paganismo sejam desmistificados. Ainda sonhamos em viver num mundo sem guerras santas e/ou ignorância.

Assim seja e assim se faça!

#DallanChantal
#MorganLyra