segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Água Benta


Esses dias têm chovido bastante aqui na região onde moro, o que é delicioso. Sempre gostei mais dos dias frios, nublados e tempestuosos do que os dias quentes e suados. E em homenagem à chuva vou escrever sobre Água Benta. Como assim, água benta? Isso não é uma coisa usada pela Igreja Católica ou para afugentar vampiros? Sim e não. O que a maioria não sabe é que a história e utilização de água benta é muito mais velha do que o legado cristão.  Bom, tire a roupa e mergulhe fundo nessa história.

Os gregos da antiguidade já usavam água benta para purificar locais e pessoas e também apagar as tochas dos templos. Já os romanos (os gregos também) costumavam usar um maço de ervas para aspergirem quaisquer coisas que precisassem serem abençoados, fossem pessoas ou locais. A água é extremamente purificadora e é bem comum a sua utilização em banhos para a purificação física e espiritual antes de qualquer cerimônia mágica. Assim, você está limpo e pronto para adentrar na presença dos Deuses, Deusas e Espíritos.

Entretanto, não é qualquer fonte aquosa que pode ser usada. A água, dependendo sua origem, deve ser consagrada e contrariando o que algumas tradições podem dizer, sei que qualquer pessoa pode preparar sua água benta. Bom, o método que vou ensinar tem suas raízes na magia folclórica européia, mas receitas similares são encontradas em várias partes do globo.

Os fluídos da Terra estão intimamente conectados com a Lua, recebendo desse astro a sua sagração, assim, colocar um objeto de prata (gente, prata de verdade, nada de banhado ou prateado) seja um anel, brinco, moeda ou qualquer outro objeto é o primeiro passo. A seguir, coloque no recipiente uma Pedra da Bruxa (Adder Stone), que é uma pedra naturalmente furada ou algum seixo de rio ou fonte sagrada.

Uma vez que o recipiente estiver com a água, a pedra e o objeto de prata iniciam-se os encantamentos. Você pode colocar suas mãos sobre o líquido ou recitar o encantamento bem perto da água, de modo que a sua respiração toque a superfície. É interessante que você crie seus próprios encantamentos e sagrações, porém, como inspiração, deixo abaixo algumas palavras de poder:

Água, pedra e prata
Juntos, sagrados
Nenhuma magia contrária
Por ti, passa

Simples, não? Porém, é importante ressaltar alguns pontos, pois o tipo de água escolhido para fazer sua água benta é muito importante, visto que diferentes fontes de água têm diferentes propriedades mágicas:

·         O orvalho da manhã é coletado e abençoado para ritos de cura, beleza e longevidade. Essas gotas mágicas são especialmente potentes se coletadas antes do nascer do sol em uma data sagrada da Primavera ou Verão.

·         A água do mar é excelente pra exorcizar e expulsar espíritos malignos de uma pessoa, lar ou pedaço de chão – “nada maligno jamais poderá cruzar o mar.”

·         Águas coletadas de chuva são poderosíssimas para abençoar locais e mulheres que desejam ter filhos.

·         Se possuem a origem em fontes subterrâneas (minas), são águas conectadas com os Ancestrais e possuem grandes poderes de abençoar, curar e fertilizar.

·         O sal expurga espíritos, logo, não utilize água do mar para trabalhar com seus Ancestrais!

A coleta dessas águas deve ser realizada nas luas Cheia, Nova, em Sabbats, ao amanhecer e durante o crepúsculo. Deixe a água absorver as energias do Sol, da Lua ou das estrelas, dependendo dos seus interesses. Você pode usar seus dedos ou um maço de ervas para aspergir locais, objetos e pessoas com sua água benta. Arruda, alecrim, verbena, sálvia e tantas outras podem ser utilizadas.

O uso da água benta é ilimitado. Use sua criatividade e navegue nesse mar de possibilidades.

Morgan Lyra

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

Resgatando a Selvageria da Bruxaria


Nossa bruxaria, ou melhor, nós mesmos, devemos nos tornar mais selvagens, mais instintivos, compreendendo melhor a amoralidade da natureza e a morte inevitável para que façamos alguma diferença neste mundo. Se quisermos preservar o que ainda nos resta da terra e sobrevivermos enquanto espécie é necessário que voltemos a ser selvagens. Devemos perder nossa fé, religião, construções e todos os detalhes que somente são importantes à civilização. Muitas bruxas hoje, em sua ânsia de não causar mal a alguém se tornaram inofensivas. Devemos nos tornar um tipo diferente de bruxa. Alguém que não precisa de definições, limites ou expectativas - algo primal, indomável, livre.

Vejo muitas bruxas e bruxos virtuais engajados em várias causas ambientais, sociais e políticas que nunca levantaram a bunda da cadeira para colocar a mão na massa, para ir à luta. Estes são como hippies vestindo algodão invadindo uma feira orgânica com a melhor das intenções, mas cuja ingenuidade é tamanha que não conseguem ver que isso não fará absolutamente nenhuma diferença sobre o meio ambiente e o declínio da civilização.

O que nós precisamos é de conhecimento local, engajamento local, medicina local, bruxaria local. Nunca antes na história da humanidade existiu uma bruxa não praticante. E se você não tem praticado, acha mesmo que os espíritos que habitam sua região se preocuparão com você e sua família? Qual foi a última vez que você falou com eles ou deixou-lhes uma oferenda? Você conhece seus nomes, poderes e locais sagrados? Não? Bom, então eles vão continuar habitando suas árvores mesmo quando estas crescerem sobre nossa cova coletiva e não chorarão por nós. Afinal, não foram os nossos antepassados e nós mesmos que derrubamos suas florestas, poluímos seus rios e oceanos? Por que algum espírito iria nos ensinar sua magia e medicina? Não mesmo! Para tal seria necessário um trabalho árduo, apenas para chamar-lhes a atenção, e anos para que estes pudessem confiar em nós novamente.

Entretanto, o que os antigos magos, bruxas, xamãs e feiticeiros fizeram para obter os favores dos espíritos? Eles, literalmente, foram a loucura. Saíram em busca de uma vivência selvagem, sozinhos, sem conforto ou companhia. Tiveram que aprender a caçar, cultivar, fazer vestimentas somente com aquilo que a natureza providenciava. Criar ferramentas, seguir a migração dos animais, saber predizer o tempo e as mudanças das estações. Tornaram-se tão selvagens que sua fala, modos e padrões morais foram esquecidos. Quando estes indivíduos voltavam para a civilização, entre cinco a dez anos depois, eles estavam irreconhecíveis: bestiais, perigosos, loucos. E indispensáveis para a sobrevivência daquele povo.

Mas qual é, afinal, o antigo propósito de uma bruxa ou xamã? É simples: ser um intermediário entre o mundo dos espíritos e dos homens, uma encruzilhada, traduzir, negociar, salvar e guerrear se preciso for. Para resgatarmos a selvageria da bruxaria é preciso reaprender essa lição. Temos que ser hábeis novamente na comunicação com os espíritos da natureza, animais, insetos, plantas, águas, florestas, montanhas, planícies, desertos e, também, com a morte.

E para podermos comunicar com os espíritos devemos nos tornar espirituais, devemos viver com eles, devemos conversar com eles mesmo que não hajam respostas. Onde quer que vivamos, devemos nos permitir ser imersos no solo local, sermos absorvidos pelo Anima Loci até que seus segredos e sabedoria sejam divididos conosco. Devemos nos tornar as bruxas da vila, xamãs que conversam como os espíritos que ali habitam.

Será preciso beber do orvalho da primavera, comer do doce fruto proibido, sugar todo o sabor das raízes, mastigar as folhas amargas, assar os cogumelos numa noite faminta e solitária sob o manto das estrelas. Alimentar-se assim até que sua pele fique verde e coberta de folhas e musgos, seu sangue tornar-se seiva, sair flores de sua boca, brotar raízes das solas de seus pés.


Você é o que você come e você comeu o que é selvagem. Metamorfosei-se nele!

Morgan Lyra

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

TARÔ, Simbologia e Ocultismo - Nei Naiff


TARÔ, SIMBOLOGIA E OCULTISMO (Estudos Completos do Tarô, Volume 1) - Nei Naiff

Já li esse livro há algum tempo e sempre que posso o releio. Posso dizer com toda a certeza que foi a obra que mais me esclareceu a respeito do Tarô: o que ele é, sua história, suas utilizações e estrutura. Um livro incrível!

O autor já trabalha com o oráculo há mais de 20 anos e tem muita propriedade para falar sobre o tema, sendo muito conhecido e renomado mundialmente. A forma como o livro foi escrito também ajuda na compreensão do oráculo, pois o Nei escreve de forma simples e objetiva. A leitura sobre esse tema nunca foi tão fácil pra mim.

Ele começa já esclarecendo, de forma sucinta, algumas terminologias utilizadas no Tarô e já passa para um estudo sistemático e profundo sobre o que é simbologia, como funciona, o porque de utilizarmos, como ele se manifesta, etc. Essa introdução se faz necessária para que se entenda melhor os arcanos e o modo de se estudá-los, que acontece somente no segundo volume da trilogia. Explica também a diferença entre símbolo e arquétipo, informando que dizer arquétipos do tarô é totalmente equivocada.

Fala sobre a estrutura das cartas e suas classificações, ritmos, significação de alguns símbolos específicos, sintomas, etc. Nessa parte do livro ele explica todas as estruturas conhecidas do estudo do Tarô (binária, ternária, setenária, quaternária, decenária) e apresenta a própria estrutura que desenvolveu baseado em todos os seus ano de estudo e que lhe rendeu o mais profundo respeito dos tarólogos do mundo inteiro. Essa estrutura Naiff do Tarô foi a que realmente me auxiliou a compreender todo o complexo simbolismo dos Arcanos Maiores.

Cita também a incongruência entre se estudar o Tarô baseado em outros sistemas oraculares, como, Cabala, Astrologia, Mitologia e Numerologia. Explica que estudar esses sistemas como sendo complementares e de possíveis alusões com os arcanos é válido, mas depender o estudo do Tarô nesses sistemas é incorrer em erro e em nunca conseguir compreender o real significado de cada carta. Fala também da evolução do tarô e suas classificações na história: clássicos, transculturais e surrealistas ou fantasia. Traz também inúmeras referências de museus, bibliotecas e livros do mundo inteiro sobre o Tarô.

Por fim, faz uma apresentação extensa sobre a história do Tarô século a século. São tantos detalhes que é impossível o leitor não entender o quanto algumas historinhas contadas por tanto tempo são inconsistentes. Com isso é possível finalmente concluir que o Tarô não tem sua origem com os egípcios, ciganos, hindus, atlantes e afins, mas que foi gerado na Idade Medieval europeia e que sua primeira aparição foi no século XIV.

O que posso dizer aos interessados no tema e historiadores de plantão? Esse livro é completo e infinitamente foda. Eu mega recomendo e é um dos meus livros de consulta que está à mão para qualquer oportunidade. Ainda mais porque está autografado. Emoticon grin

CAPÍTULOS
1 - Indrodução à Simbologia (Origem e Função, Classificação e Definição)
2 - Estrutura do Tarô (Pesquisa e Teoria, Alfabeto Simbólico, Integração dos 78 Arcanos)
3 - Diagrama da Vida (Estrutura Binária, Estrutura Ternária, Estrutura Setenária, Estrutura Quaternária, Estrutura Decenária, Estrutura Naiff de Tarô)
4 - Ordem no Caos Simbólico (Primeiro Passo, Tarô versus Astrologia, Tarô versus Numerologia, Tarô versus Mitologia, Tarô versus Cabala, Conclusão do Caos)
5 - Gênese do Tarô (Afinal, quem inventou o Tarô?, Século XIV, Século XV, Século XVI, Século XVII, Século XVIII, Século XIX, Século XX, Século XXI)



Dallan Chantal

domingo, 17 de janeiro de 2016

IMPERATRIZ - TARÔ


E hoje Ela chega com soberania e esplendor. Vou falar sobre a Imperatriz!

De todas as cartas do Tarô essa é uma das que praticamente não existe sombras que atrapalham o caminho, pois até quando vivenciamos seu ciclo sem progressão, ainda assim estaremos felizes, satisfeitos e alegres. Aqui a Sacerdotisa, que antes era fechada, desconfiada e introspectiva, descobre um mundo inteiro ao seu redor e se torna uma mulher cheia de si: aberta, confiante e extrovertida.

Somente relembrando uma coisa: não devemos estudar o Tarô de forma etnocêntrica; ou seja, não devemos tentar entende-lo baseado na nossa compreensão de mundo como ele é hoje, mas como era na época em que foi criado. Sendo assim, o estudo deve ser voltado para a forma da sociedade da Idade Medieval. Nessa época as Rainhas tinham como objetivo manter o reino através da geração de herdeiros/descendentes e é daí que extraímos o significado de mantenedora dos bens adquiridos e com um forte poder fertilizador. Se conseguirem entender o papel de cada figura/personagem das cartas dessa forma, não haverá erros. ;)

Simbologia

Sabe todo aquele desejo contido da Sacerdotisa? Então, isso não existe mais com a Imperatriz. A mulher, que é o símbolo da fertilidade e sedução, agora se encontra com roupas mais leves que mostram o adorno do seu corpo, numa alusão de que agora participa ativamente do mundo exterior, da sociedade e daquilo que a cerca. Enquanto está sentada no trono, representando poder e soberania, além do mais elevado status social, os seus pés estão figurados afastados, demonstrando que está pronta para agir. Mas, suas ações são sempre voltadas para a preservação daquilo que se conquistou, pois seu rosto está voltado para a esquerda, símbolo do passado.

Sim, a Imperatriz tem o poder de gerar novas formas de vida e assim o faz - que estaria relacionado ao futuro. No entanto, o seu foco é preservar aquilo que criou para assegurar o bem estar da prole. Por isso, nas ilustrações dos tarôs transculturais (que se baseiam em determinadas culturas para representar os arcanos) a Imperatriz é figurada como Gaia, Ísis e Deméter, por exemplo. As Mães do Mundo.

Note que o trono no qual ela se senta tem o formato de asas, mostrando ideais elevados, e o escudo, emblema de proteção e poder bélico, também está representado com uma águia com as asas elevadas. Esse conjunto simbólico mostra que a Imperatriz possui uma alta compreensão de hierarquia, inteligência e visão clara das coisas. Perceba ainda que assim como o Mago, que segura o bastão com a mão esquerda e a moeda com a direita para canalizar as forças astrais e manifestá-las na vida cotidiana, a Imperatriz segura o cetro com a esquerda e o escudo com a direita. O lado esquerdo é considerado receptivo enquanto o direito é projetor. Portanto, a Imperatriz com a esquerda absorve seu poder do mundo, do seu reino e de suas crenças (visto que o cetro possui um globo e uma cruz, símbolos de domínio e fé, respectivamente) para manifestá-lo com a direita de forma a proteger aqueles a quem ama. Uma mãe sempre está de olho em seus filhos.

As feições da Imperatriz também são mais suaves, ao invés de severas, mostrando compreensão para com seus súditos. Ela sabe de suas limitações, mas sempre deseja promover o bem estar social. Aos seus pés tem-se ainda uma pequena gramínea que cresce num solo fértil, mostrando que o poder fertilizador e de criação dela são infinitos. Pra finalizar, sua coroa que demonstra todo seu poder social possui 12 gemas de pedras preciosas, numa alusão aos signos zodiacais, mostrando toda a temporalidade de seu poder.

Tarologia

Prazer, conservação e criação. Creio que essas três palavras resumem bem o arcano III, mas não é só isso. Enquanto o Mago tenta criar o mundo ideal e a Sacerdotisa tenta compreendê-lo, a Imperatriz está no meio de seu próprio mundo, vivenciando-o a cada instante. Poderíamos dizer que Ela é seu próprio reino e vida. Depois de aspirar e analisar com cuidado seus planos, o que a cerca é exatamente aquilo que ela projeta, pois o mundo se transforma mediante sua vontade. Outro ponto: enquanto a Sacerdotisa é tímida e tem baixa estima, a Imperatriz é expansiva e tem uma super confiança em si com uma grande alta estima.

Novamente temos aqui um arcano que fala exclusivamente da vontade pessoal do consulente. Essa carta fala dessa nossa busca por impor nossa vontade e por isso mesmo é figurada com tantos símbolos de poder e status social. Ela não conta com a interferência de terceiros para a realização de seus planos, apesar de necessitar destes para concretizá-lo. Também não se reporta ao carma. Ou seja, faz parte do grupo de 5 arcanos em que a tônica é a busca por realizar aquilo que sonhamos, idealizamos e planejamos para a nossa vida.

Quando essa carta se apresenta, podemos ter certeza de que nossos planos serão realizados. Entretanto, a Imperatriz busca a realização de seus planos conhecendo bem as limitações que possui. Ela não se utiliza de sua posição social para desmerecer ou agir de forma arrogante e prepotente para com os outros. Mesmo sendo superior, ela sabe que todos somos iguais e por isso age de forma respeitosa e gentil. E assim ela começa a construir seu reino, seu castelo, que futuramente iremos visualizar pronto quando estudarmos o arcano XVI, Torre.

Como já dito anteriormente, a Imperatriz faz o que faz visando seu bem estar, mas também o conforto daqueles a quem ama: sua família. Portanto, o próximo passo a aprender é controlar aquilo que se tem e continuar expandindo o reino, não apenas conservando-o. Se isso não acontece, tudo fica inerte ao seu redor. Nada se expande e nada se contrai. No entanto, ela já alcançou o patamar que queria e se satisfaz com isso. É como quando compramos um carro e estamos bem com ele, não desejando trocá-lo e nem comprar outro, mas apenas realizar as revisões necessárias de tempo em tempo para manter um bom funcionamento do automóvel. É por isso que disse mais cedo que mesmo em seu aspecto “sombrio”, essa carta é bem suave. Mas, ressalto que agir assim, mesmo que não nos prejudique, impede o crescimento pessoal.

Numa pergunta de sim ou não, ela representa o Sim. Se em conjunto com uma carta da corte, no método europeu de se jogar as cartas (que falarei em outro momento), pode representar uma pessoa. É uma carta de uma sagacidade tremenda. Ela é muito inteligente. Mesmo que seja altruísta, ela não é ludibriada facilmente. Sabe do que quer, mas também não vai entrar numa furada. Ou você acha que ela conseguiu estar onde está sendo inocente?

Taromancia

Como já disse, a taromancia não deve ser confundida com a tarologia, pois se corre o risco de uma interpretação errônea, sendo a taromancia a leitura do oráculo e a tarologia o estudo dos símbolos das cartas. A taromancia é como o arcano deverá ser interpretado durante uma consulta de acordo com a questão formulada e com o plano elemental da mesma.

Segue novamente para elucidação: o plano material terá relação com o corpo, ciência, dinheiro, trabalho, posses, casamentos, contratos, Terra; o plano mental com a alma/psique, filosofia, estudos, profissão, intenção, planos, ideias, Ar; o plano sentimental com a alma/emoção, arte, desejos, paixão, sonhos, amor, anseios, Água; e o plano espiritual com o espírito, religião, conceitos, dom, intuição, magia, ocultismo, Fogo.

Vejam a diferença de significação de acordo o plano elemental:
  • Material: realização, prosperidade, sucesso, sorte, promoção, fertilidade.
  • Mental: inteligência, planejamento, sagacidade, perspicácia, criatividade, eloquência.
  • Sentimental: prazer, amor, paixão, sexo, casamento, alegria, carinho, alta estima, sensualidade.
  • Espiritual: fé, magia, harmonia, esperança, compreensão, reflexão sore a vida, proteção.
Também citei outras duas interpretações do arcano de acordo com a Casa que a carta cair dentro de um método pré-definido antes da jogada: a Casa de Conselho ou a Casa Negativa. Com relação ao atributo negativo, a interpretação não deve ser realizada de acordo com o que achamos ruim aos olhos éticos e morais que temos, mas de acordo com o simbolismo contrário do arcano. Exemplo: se a Imperatriz  representa ação e criação, numa Casa de análise negativa ela informará que os caminhos estão fechados e a mente limitada de forma a impedir a concretização dos projetos.


  • Negativo: inatividade, improdutividade, ignorância, desatenção, frieza, desamor, tristeza, prepotência, futilidade, esterilidade, descrença, desinteresse.
  • Conselho: acredite que se está no caminho correto, não mude seus planos, pois assim conseguirá conquistar o desejo do seu coração. Aproveite esse momento que é único e siga em frente sem pestanejar.
Musicalidade

Uma coisa que adoro fazer é relacionar os arcanos com canções. As músicas transmitem sentimento e tem a capacidade de nos transportar para o cerne de determinada questão tão fortemente que facilita a assimilação do arcano.

Portanto, deixo com vocês quatro canções que penso se relacionarem com esse arcano. Caso vocês conheçam outras canções que podem representar a Imperatriz, por favor, sintam-se a vontade de compartilharem nos comentários. =D

PITTY – Desconstruindo Amélia

BEYONCÉ – Run The World (Girls)

RIHANNA – Only Girl (In The World)

LADY GAGA – G.U.Y

Conclusão

A Imperatriz é nossa mãe que nos acolhe, dá carinho, puxa a orelha, sente-se feliz em nos ver feliz. Mas, também é a esposa amorosa, amante insaciável, companheira leal, amiga para todas as horas. E quem disse que também não pode ser a Bruxa maliciosa, professora sábia e avó que mima? A Imperatriz pode ser todas elas e muito mais porque a Imperatriz é praticamente o emblema da Mulher no Tarô.

Quando vemos uma mãe que não sabe nadar, mas pula no rio pra salvar o filho, vemos o poder da proteção da Imperatriz. Quando vemos uma presidente sofrer processo indevido de impeachment, mas continua firme em seus ideais, é quando a Imperatriz mostra sua força. Quando vemos uma artista fazer um álbum incrível, mas ser podada pelos seus produtores e ainda assim dar a volta por cima, é porque essa Imperatriz tem fé naquilo que deseja expressar. Quando vemos uma deusa reinar acima dos outros deuses e ser capaz de dominar a maior força de destruição da Natureza, o raio, é porque ela se tornou a maior Imperatriz que o mundo jamais conheceu!

O poder da Imperatriz é vasto e não se limita exclusivamente às mulheres, mas os homens também podem vivenciá-lo. Vivenciam quando se preocupam com os filhos, cuidam do lar, procuram manter e crescer em seus empregos, são justos, sensuais, mestres, etc.

Enfim, essa é carta muito bela e seu poder de atuação é incrível. Que tal, para esse começo de ano civil, trabalharmos com ela e assim prosperarmos com plenitude e abundância?!


Dallan Chantal

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

O Horror ao Falo


Imagino que alguns tenham percebido, apesar de terem sido poucos, mas novamente a page foi denunciada em uma de suas postagens. O título era “Quem não ama um sátiro?” e tinha a imagem de um sátiro nu com um pênis avantajado. Vocês podem pensar: “ah, mas é claro, tinha nudez frontal!”, porém, o que quero questionar é o por quê?!

Como já disse inúmeras vezes, a page é bloqueada para menores de idade pra que nem sequer tenham conhecimento de nossa existência. Sendo assim, levanto dois pontos:

·         Nenhuma postagem nossa poderia violar quaisquer leis ou decretos promulgados em nosso país ou em qualquer outro onde o Facebook atua, visto que pessoas que não podem ver a postagem nem sequer conseguiriam acessar as informações;
·         Não houve nenhum compartilhamento da postagem (exceto a minha que bloqueia quem não é meu amigo no meu perfil de conseguir visualizar), ou seja, ela estava vinculada apenas à page e só quem a viu foram as pessoas que acessam a Olhar de Bruxa.

Se quem viu a postagem foi quem visita a página, esta não viola as leis e tem como tema o paganismo, por que cargas d’água o denunciante estava visualizando o que postamos? Ninguém foi obrigado a ver nada do que não queria, mas a criatura se sente ofendida com uma postagem de uma página que buscou por livre e espontânea vontade? Que feio servidor, você não pode fazer isso...

Esse tipo de atitude revela claramente uma grande ferida que temos em nossa sociedade que, queiramos ou não, é cristã: o horror ao Falo! Mesmo que estejamos numa sociedade patriarcal e que venera uma deidade masculina negando quaisquer outras, principalmente femininas, o pavor e o medo do falo é forte, intrínseco e visceral. Tudo que é feminino ou foge aos padrões pré-estabelecidos é renegado, reprimido e deixado às sombras, pois causa terror. Mas, de onde vem esse medo irrefreável? Vem do desconhecido.

O homem negou por tanto tempo o poder da mulher, relegando-a a um padrão inferior, que se esqueceu de como é ser sensível, de se autoconhecer e de compreender as diferenças existentes no mundo. Vivemos com pessoas que ignoram por completo o outro, pois “o homem não foi feito para ser fraco e, sim, para comandar”, como se mostrar-se empático fosse algum tipo de fraqueza. Essa mentira foi por tanto tempo alardeada aos quatro cantos do mundo que passou a se tornar uma verdade. Tanto que infectou até as próprias mulheres, que deveriam ser livres para escolherem e fazerem o que bem entenderem. E hoje muitas ainda reproduzem esse tipo de pensamento limitado, pueril, frágil, raso e machista.

O ser humano não nasceu para ser ignorante, mas para conhecer a tudo, a todos e a si mesmo. Mas, como o pensamento vigente é que não pode ser empático, pois é coisa de mulherzinha, ele não se permite parar para analisar suas feridas, seus sonhos e desejos, mas vive pela ambição, pela conquista barata e pelo ego inflado.

Se você apontar para um homem e falar que ele tem um pau pequeno, é chamar pra briga, justamente por não entender que seu poder não está no tamanho, mas no prazer que é capaz de proporcionar se souber conhecer o corpo de com quem se deita na cama. Se fala que é bicha, se sente ofendido porque não conhece sua própria sexualidade, pelo simples fato de nunca ter se dado permissão por medo de uma reprimenda, por medo de fazer algo que é natural achando que é errado. Errado para quem cara pálida? Para a sociedade? Para a família? Para a religião?

Nenhum deus se importa com a sua sexualidade se ela não invade o espaço alheio. Faça o que quiser, há de ser tudo da lei! O resto é dogma e doutrina, não as palavras da divindade. Que deus é esse que te ama, mas te obriga a ser infeliz? Qualquer deidade é amor e quer ver nosso bem. E se você se reprime por causa do que os outros vão pensar, você é apenas mais um infeliz e te digo apenas uma frase da canção Justify My Love (Justifique Meu Amor) da Madonna: “pobre é o homem que o seu prazer depende da permissão de outros”.

Ver uma imagem de um falo, grande ou pequeno, não deveria ofender a ninguém. Ainda mais se ligado à figura de um sátiro, pois estes representam a força, o vigor e o poder fertilizador da Natureza, que deveria ser indomado e livre em todo e qualquer ser humano. A proposta da page não é, nunca foi e nem nunca será fazer apologia ao sexo simples, puro e gratuito (em poucos miúdos, à pornografia – apesar de ser muito boa e da maioria dos machistas de plantão serem viciados a este tipo de arte), mas aos assuntos que concernem ao paganismo para serem discutidos abertamente através dos olhares de bruxos pagãos sobre qualquer tema. O sexo é apenas um deles.

Quando disse “Quem não ama um sátiro?” eu queria dizer: quem não ama o sentir prazer, o se regozijar, se alegrar no sexo e na liberdade de ser e de se expressar? Sabe quem? Você, que denunciou! Você, que ainda não se permitiu! Você, que busca informações sobre o paganismo, mas ainda não arrancou de si o ranço de outros dogmas e culturas que nada tem a ver com o ser pagão! Você, que tenta enxergar o mundo de forma etnocêntrica pensando que sua visão é única e verdadeira, e que tudo o que fuja a ela deva ser banido, sobrepujado e renegado!

Se não gosta do que postamos, o que faz aqui no meio de pessoas tão diferentes? Uma coisa que nenhum dos CDC’s (Criadores de Conteúdo) da page jamais fez é denunciar gratuitamente postagens de outras páginas se estas não agridem a liberdade de outros. Já denunciamos? Sim! Mas, apenas quando o conteúdo agredia, fazia alusão ou apologia à violência, à segregação, à misoginia, à homofobia, ao machismo, à transfobia e todos e quaisquer outros tipos de coisas que machucam e ofendam a liberdade.


Enfim, me delonguei por demais nesse texto, mas eu precisava desabafar. Peço desculpas a todos aqueles que não necessitavam ouvir isso, mas o discurso se fez necessário. Apenas afirmo e reafirmo uma coisa que já disse e sempre direi: eu nunca vou parar! HAHAHAHAHAHA


Dallan Chantal

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Bruxaria Tradicional


Já ouvi muitas pessoas tentarem dizer o que é  e o que não é a Bruxaria Tradicional nesses últimos anos. A maioria acha que é uma tradição  parecida com a Wicca, mas  não é. Ela está mais para um guarda-chuva sob o qual muitas tradições de bruxaria florescerem.

A Bruxaria tradicional tem atraído muitos recém-chegados nos últimos cinco anos. Como atualmente está na moda rebelar-se contra Wicca e buscar algo que não seja "fake", muitos buscadores têm buscado amparo em sua sombra. Mas esta é uma mentalidade ridícula que tenta invalidar a sacralidade e os ensinamentos da Tradição Wicca como se estes não fossem, de uma forma ou outra, antigos ou verdadeiros. Não é somente porque a Wicca não é o seu caminho, aquele que te dá borboletas no estômago e te faz vibrar, que a Bruxaria Tradicional o será. A Bruxaria não é um refúgio para buscadores medíocres e dependentes que apenas adentram no Caminho para chocar a sociedade ou ir contra a norma pré-estabelecida. Este Caminho é extenso, intenso e exigente. Não é para qualquer um.

Mas, afinal, o quê é a Bruxaria Tradicional? Bem, pegue sua xícara de chá e sente-se comigo aqui na beira da fogueira que vou lhe dar uma breve introdução:

A Bruxaria Tradicional na era moderna passou a significar qualquer conhecimento ou práticas associadas com Robert Cochrane, Joe Wilson, Evan John Jones, Andrew Chumbley, Mike Howard, Nigel Jackson e Robin Artisson. Quando as pessoas interessadas nesse Caminho começam a pesquisar sobre, são as obras e o legado destas pessoas que elas encontram. Mas, o que elas não sabem é que a Bruxaria Tradicional é muito maior do que qualquer tradição. É um termo muito parecido com "pagão" ou "reconstrucionista" capaz de classificar todas as centenas de tradições e práticas que caem dentro de seu abrigo.
 
Por Bruxaria Tradicional, quando não se referindo a tradições específicas (Clan of Tubal Cain, Cultus Sabbati, Feri de Anderson, etc.), é um termo genérico para diferentes tradições de bruxaria: alguns são culturalmente embasadas (seiðr, brujeria, streghoneria), outros são baseados em prática (hedgewitchery, bruxaria verde, bruxaria de cozinha) e pode ser encontrado em outras formas de feitiçaria, ou ainda podem ser tradições pessoais, únicas, individuais. O Caminho Tradicional não é apenas sobre o que a bruxaria poderia ter sido há séculos, mas o que ela era, de acordo com os documentos, cantos, encantamentos, baladas, superstições, coleções de conhecimento oral e escritos, práticas e folclore que sobreviveram até hoje.

Os caminhos mais comuns do praticante de bruxaria tradicional são os de matrizes européias, mas isso não é uma regra. Existem algumas semelhanças fundamentais que a norteiam, como: o comungar com os espíritos, o trabalho com os elementos da natureza, o culto e veneração aos antepassados, certos níveis de animismo e uma grande utilização de magia folclórica e popular em detrimento ao uso de magia cerimonial. Não que a última não possa ser utilizada, ela apenas não é freqüente.
 
No geral, a essência da Bruxaria Tradicional é levar o seu conhecimento, estudos, práticas e experiências a um nível bem profundo, tentando encontrar as fontes, a história, o como e o porquê das bruxas acreditarem e fazerem o que fazem.
 
A maioria das bruxas e bruxos tradicionais que conheço não lê livros com temática pagã e espiritualista apenas. Lemos sobre arqueologia, história, antropologia, religião, ciência e folclore (dentre outros), praticando o que aprendemos em nossas vidas. Como bruxo tradicional, incorporo magia em tudo que faço não importando o quão banais essas atividades possam ser.


Há uma longa história de magia a ser encontrada em qualquer ato diário. E sei que a curiosa bruxa tradicional sabe disso melhor do que ninguém.


Morgan Lyra

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

A Gota D'Água


A água é uma fluidez que só, não tem tamanho nem formato, mas claro, depende de você.
Faça da água ter o formato que quiser, altere o recipiente dela, que ela se assuma como você propor.
A água representa as emoções, os sentimentos, o eu interno. E está disponível nos seus três estados. Se congelada, ela fica parada, não mistura, não abre, não movimenta e nem flui. Se espaçosa demais, ela fica dispersa, sem um contínuo e nunca terá forma. Deixe-a líquida. Sinta-a fazer o movimento de correr pra frente.
Todos temos água, nossa água interna. O que fazemos com suas gotas?
Usamos para alimentar algum sentimento até que transborde? Usamos para enfeitar algumas armações de nossas vidas? Usamos para refrescar nossa mente? Usamos para marcar a presença de teias invisíveis que temos?
Qual a melhor forma de dispersar as gotas dessa nossa água?
Mova-se, deixe tua água dizer e fluir. Concentre nos sentimentos, aceite-os e siga a correnteza.

 - Um texto escrito pelo meu amado. Carlos Henrique

Dallan Chantal