quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

FAMÍLIA


Hoje eu tive um sonho, e foi assim...

Eu estava com meus amigos em uma reunião e, de repente, cada um foi transportado para o passado em suas respectivas casas, com suas famílias e local onde viveram sua infância. Nossa, como foi maravilhoso! Eu acabei de acordar, fui conferir algumas coisas e vim direto escrever isso, então as memórias e sensações ainda estão muito vivas na minha mente.

Tudo estava muito claro, era dia ensolarado com um cheiro de chuva do dia anterior. Mas, o melhor de tudo, foi ver meu bairro, o lugar onde eu cresci, onde ainda vivo, com meus olhos de criança. Eu sempre me preocupei porque minha mente sempre esteve bloqueada para minhas lembranças da infância. Simplesmente não consegui lembrar nada! No entanto, nesse sonho foi tudo tão nítido e claro como se uma luz tivesse se acendido que fiquei até chocado.

Vi as árvores que eu subia quando criança, a forma dessas árvores exatamente como eram e lembrei quais os galhos que eu subia para brincar. Vi o clube do bairro quando ainda nem tinha antena telefônica de 60m e que tinha um buraco na cerca que eu usava para entrar. Vi a paisagem como era quando ainda não tinha uma passarela que liga um lado do bairro ao outro, dando passagem segura pela BR que passa por aqui. Porém, o mais mágico de tudo foi ver as pessoas.

Eu recordei várias pessoas que já fizeram a passagem. Eu conversava com elas, sabendo que já estavam mortas e perguntava quais seus sonhos, interesses, desejos. Elas me respondiam com um brilho e um sorriso no rosto que era reconfortante. E eu tive a certeza, se não nessa vida, na outra elas serão atendidas. Quando tive esse vislumbre é que eu vi minha família.

Aqueles que me conhecem sabem que sempre disse que minha família é minha grande ferida nessa vida. Minhas dores, brigas mais intensas e até raiva quase sempre vem da minha família. Mas, vê-los no meu sonho foi como um banho de mar após uma longa temporada no deserto: revigorante!

Conversei com todas, ri com todos e, o que não fiz com os mortos, contei que tinha vindo de 2015 e que poderia contar a eles o que quisessem do futuro. Após algumas brincadeiras eles me disseram que não se importavam, pois era irrelevante. A única pessoa que não me recordo agora de ver é meu avô falecido. Eu queria muito tê-lo visto e abraçado, pois me lembro dele com muito carinho. Mas, no lugar dele eu vi minha avó. Infelizmente hoje ela está acamada, em coma e sob os cuidados constantes de enfermeiras. No sonho, ela veio deslumbrante, assim como era antes de se adoentar.

Ela pegou minha mão, sentou comigo e me disse:

“Apesar da família ser sua ferida, ela também é seu baluarte, sua força e seu ser. Eu não construí isso tudo a toa. Essa família sou eu e se ela ainda vive é por mim.

Não pense que não vejo as coisas. Consigo ver tudo que acontece comigo ao meu redor. Alguns truques que se aprende quando se vive muito tempo no mundo espiritual. Mas, o que mais vejo é que você precisa aprender isso: sabe esse sentimento de amor que sentiu, de pertencimento ao local onde nasceu? Sabe por que ele surgiu? Por que ele existe dentro de você, apesar de negá-lo.

Quando crescemos nos tornamos mais egoístas e menos conscientes de um grupo, e daí surgem várias discussões. Mas, veja quando criança o grande, imenso amor que você recebia. Sua mente podia não lembrar, mas sua Alma sente, lembra e anseia por aquilo novamente e desesperadamente. É assim que surge nas pessoas o desejo de constituírem família. E é esse o motivo também de amarmos as pessoas de nossa família, porque reconhecemos subjetivamente e inconscientemente esse amor recebido.”

De repente, não estava mais no passado, mas na mesma reunião com meus amigos. Todos compartilhamos que voltamos no tempo e revemos nossas famílias. Olhei no relógio do meu celular e nem me lembro das horas, mas do ano: 1.996. Abracei meu amigos e chorei... e chorando, acordei.

Levantei, procurei algumas fotos das pessoas e do local nesse ano e qual não foi minha surpresa ao ver que o sonho as reproduziu perfeitamente! Agora eu entendo o discurso de família e patriotismo que nunca consegui entender antes. Eu já tinha esse conhecimento, mas como sempre digo: conhecer não é saber.

Assim como os grandes mistérios mágicos só são acessados quando vivenciados, assim também o são os mistérios da vida. Você pode ler 50.000 vezes sobre a Roda do Ano, enquanto não ritualizá-la, será algo muito vago e que você apenas conhece, mas não sabe.


Com relação a família, hoje eu posso dizer: seu sei! Obrigado vó.

Dallan Chantal

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